Amapá vê redução na violência, mas segue na dianteira; SP tem menor taxa de mortes, apesar de alta
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Amapá viu as mortes violentas intencionais apresentarem redução de 30% em 2024, na comparação com o ano anterior. Foram 362 vítimas no ano passado, ante 519 em 2023. Apesar disso, o estado segue na dianteira da violência no Brasil, com 45 45,1 mortos por 100 mil habitantes.
Na outra ponta está São Paulo, que carrega a menor taxa do país, com 8,2 mortos por 100 mil habitantes, apesar de ter apresentado aumento nas mortes violentas.
É o que mostram dados da nova edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgada nesta quinta-feira (24). O documento reúne as vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e das forças policiais sob o indicador de mortes violentas intencionais, que mostra Bahia (40,6) e Ceará (37,5) após o Amapá como unidades mais violentas da federação no ano passado.
A situação do Amapá, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que organiza o estudo, reflete um caráter mais geral da violência no Brasil, marcado por movimentações de facções criminosas em disputas por território e a violência policial.
Edição passada do Anuário já indicava que Santana, cidade da região metropolitana de Macapá, havia sido elevada à posição de mais violenta do país em meio a atritos pelo controle do porto, estrutura chave para escoamento de drogas. Esse ano o município apresentou melhora e é o 18° mais violento a liderança ficou com Maranguape (CE).
Já a violência policial, que também caiu no Amapá, se manteve em um patamar parecido de proporção no total das mortes violentas em 2023 e 2024, com três de cada dez óbitos na conta das polícias. Em números absolutos, foram 137 óbitos no ano passado, ante 183 em 2023.
Para o Fórum, este é um exemplo de dificuldade em mudar o que é chamado de escolha político-institucional para a gestão da segurança. Em maio deste ano, nove policiais militares foram afastados após uma ocorrência em Macapá que terminou com a morte de sete homens, entre eles um jogador de futebol.
O aumento da violência policial também foi expressivo em São Paulo, sendo o maior entre estados: o número de mortos por policiais foi de 504 em 2023 para 813 em 2024, uma alta de 61%. Houve queda nos homicídios, mas piora nos latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, que ajudam a explicar o aumento da violência em solo paulista, junto das mortes causadas pelas forças de segurança.
O maior aumento relativo das taxas de mortes em 2024 ocorreu no Maranhão, com alta de 12,1% no indicador na comparação com 2023. O ano passado teve 30,4 mortos a cada grupo de 100 mil habitantes, ante 27,1 no ano retrasado.
Entre as regiões, o Nordeste guarda a maior taxa de mortes, com 33,8 mortos por 100 mil habitantes. Em seguida estão o Norte (27,7), o Centro-Oeste (19,5), o Sul (14,6) e o Sudeste (13,3).
O perfil de mortes violentas é majoritariamente masculino (91,1%), negro (79%) e jovem, considerando a faixa até os 29 anos (48,5%), embora essa proporção venha sendo reduzida, segundo o Anuário, seguindo a tendência de envelhecimento da população.
O estudo também sugere que pode haver uma relação entre os números de desaparecimentos e as mortes violentas, já que o aumento do primeiro indicador coincide com a queda do segundo.
Estados como o Amapá, o mais violento do país em 2024, Sergipe e Bahia, tiveram aumentos de 27%, 20% e 15% no número de desaparecidos em 2024, embora tenham indicado reduções nas mortes violentas. Isso levanta uma hipótese, segundo o Anuário, de que as mortes poderiam estar sendo ocultas nos desaparecimentos.
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Mortes violentas intencionais* por 100 mil habitantes
Vítimas em Brasil e unidades da federação, 2024
Estado - 2023 - 2024
AP - 64,9 - 45,1
BA - 44,4 - 40,6
PE - 38,3 - 36,2
AL - 37,6 - 35,4
CE - 33,9 - 37,5
AM - 33,2 - 27,4
PA - 31,9 - 29,5
MT - 30,7 - 29,8
RN - 30,3 - 24,2
SE - 30,2 - 22,8
TO - 27,4 - 20,8
MA - 27,1 - 30,4
ES - 26,9 - 23,9
RO - 26,1 - 26,1
PB - 25,8 - 25,6
RR - 25,6 - 18,6
RJ - 24,8 - 22,1
AC - 24,4 - 20,3
GO - 22,5 - 18,8
Brasil - 21,9 - 20,8
PI - 21,9 - 20,3
MS - 20,9 - 18,7
PR - 19,3 - 18,4
RS - 17,7 - 15,0
MG - 14,4 - 15,1
DF - 10,5 - 8,9
SC - 8,5 - 8,5
SP - 7,6 - 8,2
*Vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e morte decorrente de intervenção policial;
Fonte: 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública
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