Área de invasão de terras em Manaus serve de “abrigo” para crime organizado, diz juiz
Invasão de terras de terceiros é um negócio altamente lucrativo na cidade de Manaus e, também, nos últimos anos, vem incorporando outro aspecto igualmente preocupante: o de servir de "abrigo" para o crime organizado. A observação foi feita pelo juiz de Direito Adalberto Carim Antonio, titular da Vara Especializada do Meio Ambiente e de Questões Agrárias da Comarca de Manaus (Vemaqa), que abriu os debates do "1º Seminário de Direito Urbanístico da Região Norte", promovido pela Escola Superior da Magistratura do Amazonas (Esmam) em parceria com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado (CAU-AM), na tarde da última quinta-feira (8), na capital.
Na visão do magistrado, as invasões de terra trazem não apenas a depredação do meio ambiente, com destruição de áreas muitas vezes de preservação permanente (APPs), afetando fauna e flora do local, mas vem apresentando outra situação também. “Está incorporando o crime organizado, com ocorrência de homicídios, tráfico de entorpecentes e outros tipos de crimes”, disse. O juiz participou do painel “Cidades e Ordenamento Urbano”, do seminário, que registrou quase 300 pessoas inscritas, entre operadores do Direito, arquitetos, professores e acadêmicos de Arquitetura e de Direito.
Carim comentou ainda a respeito das várias invasões ocorridas em Manaus nas últimas décadas, apresentando fotos aéreas e registros de reportagens publicadas pela imprensa. Na invasão conhecida como “José de Alencar”, por exemplo, uma área de aproximadamente 310.197 metros quadrados, o equivalente a 32 hectares ou 37 campos de futebol foi ocupada irregularmente em 2011. Por sua experiência na questão ambiental, o juiz comentou sobre o custo ao meio ambiente das áreas degradadas por invasões. “O ser humano tem uma necessidade de migrar para encontrar um espaço para viver, porém, é preciso que isso seja feito de maneira ordenada e racional. O que acontece na invasão é a criação de um caos ambiental, principalmente quando essas pessoas simplesmente se amontoam, sem condições nenhuma de viver dignamente”, argumentou o juiz.
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