Cinco colaboradores da emissora Al Jazeera foram mortos neste domingo (10) em um ataque aéreo israelense próximo ao Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza. Segundo a emissora sediada no Qatar, o grupo de jornalistas estava em uma tenda utilizada pela imprensa quando foi atingido. Entre as vítimas estão os correspondentes Anas al-Sharif e Mohammed Qreiqeh, além dos cinegrafistas Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa.

O Exército de Israel confirmou a morte de Anas al-Sharif, de 28 anos, alegando que o jornalista integrava o grupo terrorista Hamas. Em nota divulgada na plataforma X, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que Sharif liderava uma célula do Hamas responsável por lançar foguetes contra civis e militares israelenses. Segundo os militares, documentos obtidos em Gaza comprovariam a filiação do jornalista à organização, incluindo registros de pagamento e listas de treinamento.

A Al Jazeera, por sua vez, negou as acusações, afirmando que Sharif era um repórter respeitado e alvo de uma campanha de incitação promovida por Israel. A emissora classificou o ataque como uma tentativa deliberada de silenciar a cobertura independente na região e responsabilizou o governo israelense por ameaças contínuas a seus profissionais. O Hamas, por sua parte, também condenou o ataque e declarou que a ação poderia sinalizar o início de uma ofensiva em larga escala sobre Gaza.

Sharif, que tinha mais de 550 mil seguidores nas redes sociais, havia publicado pouco antes do ataque um vídeo mostrando bombardeios intensos na região. A publicação exibia o céu iluminado por explosões, com sons de impactos ao fundo. Organizações internacionais, como o Comitê para a Proteção dos Jornalistas e a ONU, já haviam criticado publicamente as tentativas de Israel de associar jornalistas à militância armada, sem provas substanciais.

Essa não é a primeira vez que Israel age contra a Al Jazeera. Em 2024, o governo de Binyamin Netanyahu já havia banido o canal do país, cortado seu sinal e fechado seus escritórios na Cisjordânia. Financiada pelo Qatar desde sua fundação em 1996, a emissora tem sido uma das principais fontes de cobertura direta dos conflitos em Gaza, frequentemente denunciando abusos cometidos por forças israelenses na região.