O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu as instituições democráticas brasileiras durante discurso nesta sexta-feira (1º), na cerimônia de abertura do semestre Judiciário. A fala ocorre dias após o ministro Alexandre de Moraes ser alvo de sanções do governo dos Estados Unidos, com base na Lei Magnitsky, que permite punições a estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos.

Barroso demonstrou apoio a Moraes e classificou como preocupante a decisão norte-americana, que impôs bloqueio de bens e proibição de transações financeiras ao ministro do STF. Moraes é o primeiro magistrado de uma Suprema Corte a ser punido sob essa legislação, o que causou forte reação no meio político e jurídico brasileiro. Segundo Barroso, é necessário preservar o respeito entre os poderes e a soberania das instituições nacionais.

A Lei Magnitsky foi criada nos Estados Unidos com o objetivo de punir crimes graves cometidos por estrangeiros. No entanto, o caso envolvendo Moraes tem sido interpretado por autoridades brasileiras como uma medida de viés político. O presidente Lula, por exemplo, classificou as sanções como um "ataque à democracia" e tem se reunido com ministros do STF para discutir estratégias de reação.

Outras autoridades também se manifestaram em defesa do ministro. O ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reforçaram a posição de solidariedade a Moraes. Eles destacam que a atuação do magistrado sempre foi pautada pela legalidade e pela defesa da Constituição brasileira.

O episódio ampliou o clima de tensão entre o Brasil e os Estados Unidos, especialmente após declarações do ex-presidente Donald Trump, que voltou a criticar o Judiciário brasileiro. Nos bastidores, o governo federal busca uma solução diplomática, enquanto o STF tenta blindar seus membros diante do que consideram uma tentativa externa de interferência em decisões internas da Corte.