Tarifa de água em Manaus deveria baixar e não aumentar como deseja concessionária
A privatização dos serviços de Água em Manaus existe no papel há 22 anos, mas os sucessivos governos continuaram fazendo investimentos como se a concessão fosse uma parceira-público privada. Não era. Não é.
Se houve avanços positivos no fornecimento de água, também serviu para engordar o patrimônio de políticos, de empresários e intermediários inescrupulosos.
No conforto de acordos nebulosos, uma mesma companhia mudava de nome ou transferia para associadas ativos que na prática pertenciam aos amazonenses.
Foi assim que surgiu a Manaus Saneamento, que pariu a “Águas do Amazonas”, que gerou a “Manaus Ambiental”, que num processo de meiose gestou a Águas do Brasil” ou Águas de Manaus .
Desde o começo o processo de privatização foi um engodo. O Estado e o Município não pararam de investir recursos fabulosos, alongar o contrato de concessão, que confortava a empresa de um lado e comprometia as finanças públicas de outro.
O Proama, que levou água aos bairros da Zona Leste de Manaus, é um exemplo da desfaçatez com que governos se apropriaram de dinheiro da sociedade para tonificar empresas com capacidade de investimento duvidoso.
O projeto, embora necessário para expandir a rede de distribuição de água, foi todo feito pelo governo do Estado do Amazonas e Prefeitura de Manaus. Depois de pronto foi dado de presente para a empresa concessionária, sem exigência de contrapartidas, entre elas o congelamento das tarifas de água, como forma de justificar os investimentos realizados.
Na prática, o que ocorreu no processo de privatização de água em Manaus foi uma apropriação indevida de recursos da sociedade por uma empresa, com a conivência do Estado e do Município.
Essa é uma conta que chega agora ao contribuinte, que pagou pela modernização dos serviços de distribuição de água e paga caro pelo seu consumo.
Faz bem o prefeito de Manaus, David Almeida, em recorrer da pretensão de reajuste da tarifa em mais de 24 por cento pela concessionária. Mas poderia ir mais além: cobrar pelos investimentos realizados nas adutoras. Essa é uma dívida que a empresa deve e precisa quitar com a sociedade amazonense.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.