O lixo que sufoca Manaus
É natural a irritação do prefeito David Almeida com pessoas que espalham lixo pelas ruas de Manaus. Mas a proposta de uma legislação severa, com multas contra os que fazem descarte irregular de resíduos sólidos tem impacto zero em uma cidade de alta concentração humana, e com hábitos que não serão mudados sem uma ampla campanha de conscientização.
Mas isso ainda não basta. É preciso que a coleta ocorra dentro de certo horário e de forma frequente, preferencialmente duas vezes ao dia, o que parece também impraticável diante da forte demanda e de parcos recursos disponíveis.
David Almeida também fez um alerta sobre a responsabilidade da atual geração na crise ambiental urbana.
É louvável que o prefeito alerte para a responsabilidade de cada cidadão com o meio ambiente, mas é no mínimo um equívoco dizer que " essa geração falhou".
Na verdade, é uma questão cultural, que precisa mudar e cabe aos governos desenvolver campanhas de conscientização, reeducar e isso começa nas escolas.
Manaus produz mais lixo do que a capacidade de o poder público recolher. Pior, o aterro sanitário já não suporta receber o lixo produzido.
Há todo um estudo a ser feito e isso passa por uma discussão com a sociedade, sempre colocada à margem de um debate necessário.
Punir não ajuda em nada. Educar, ajuda demais! Altera comportamento, transforma.
É isso que Manaus precisa.
ASSUNTOS: COLETA DE LIXO, Manaus, multa
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.