O 'Caso Envira:' Violência chega sem controle ao interior do Amazonas
- O isolamento logístico não protege: ao contrário, amplia a vulnerabilidade, porque o poder público demora a chegar, enquanto o crime se instala com rapidez.
- Envira, no interior do Amazonas, é retrato de um paradoxo: uma cidade distante de tudo, mas próxima dos dramas urbanos que corroem o país.
O crime não respeita distâncias. Se a geografia amazônica impõe ao município de Envira uma vida marcada por isolamento, com transportes precários, longas viagens fluviais e ausência de rodovias que o conectem à capital, nada disso foi capaz de conter a chegada das facções criminosas.
O que demora semanas para alcançar a população em serviços de saúde, educação e infraestrutura, chega com velocidade no domínio da violência organizada.
A noite de terror, com veículos incendiados e moradores acuados, demonstrou que mesmo cidades afastadas do mapa rodoviário nacional podem ser tragadas pelas mesmas mazelas das grandes capitais.
O isolamento logístico não protege: ao contrário, amplia a vulnerabilidade, porque o poder público demora a chegar, enquanto o crime se instala com rapidez.
Envira é retrato de um paradoxo: uma cidade distante de tudo, mas intimamente próxima dos dramas urbanos que corroem o país.
Cabe ao Estado, portanto, reconhecer que a interiorização do crime exige políticas permanentes, presença efetiva e não apenas respostas emergenciais. Se não enfrentar essa realidade, o abandono continuará a ser o melhor aliado das facções.
ASSUNTOS: Amazonas, crime, crimes, Envira, incêndios
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.