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Manaus, uma cidade refém do medo


Por Raimundo de Holanda

07/01/2017 20h55 — em
Bastidores da Política



Os boatos se tornaram uma ameaça à paz da cidade. E quem os propaga são cidadãos comuns, sem a noção do estrago que causam.

Na prática se tornaram, sem saber, aliados do crime organizado, que nem precisa ameaçar. Já encontra cartas e áudios prontos e apropriados para espalhar o terror.

Mas a conspiração contra Manaus e o Estado não para por aí. Também vem de políticos sem compromisso com a paz de uma comunidade inteira. 

Ainda não perceberam que o que está em jogo não é um projeto de poder, mas um projeto de sociedade.

Sociedade mais organizada, mais justa e voltada para o bem comum e para a justiça.

Este é um momento especialmente crítico,  que exige a compreensão de que sem união em torno desse projeto de sociedade todos sucumbiremos, como reféns do medo.

Os políticos têm que abandonar o discurso oportunista que atrai holofotes, mas que subtrai da sociedade o direito de discutir um problema que se reflete diretamente nos cidadãos.

É hora de contribuir, não de criar embaraços; hora de assumir compromissos palpáveis com Manaus e o Amazonas, não de adicionar problemas aos já existentes; hora de  apontar soluções, não o de se colocar no caminho como pedra na qual todos podem tropeçar, inclusive a democracia. (RH)

  PRESÍDIOS PRIVATIZADOS, MAS...

No calor da discussão  sobre  quem respondia pela chacina do Compaj – se o Estado ou a empresa privada que administra os presídios, surgiu a discussão sobre o fracasso da privatização, iniciada no primeiro governo do senador Eduardo Braga e mantida até os dias atuais.

A verdade é que a privatização dos presídios acabou gerando despesas muitos grandes e não eliminou a responsabilidade do Estado pela guarda do preso condenado.

PMDB QUER CARGOS

Ainda rendendo muito debate o anúncio do secretariado do prefeito Arthur Neto. O mais descontente é o PMDB, que esperava um melhor tratamento. Não teve. Provavelmente não terá.

VALOIS, A CELEBRIDADE

O juiz Luís Carlos Honório de Valois Coelho virou celebridade nacional depois que mediou o fim da rebelião no Compaj. Desde domingo (1) ele é destaque em veículos de imprensa do Sudeste. Ontem, por exemplo, ganho espaço no jornal 'O Estado de  São Paulo', onde sustentou  só existirem “duas saídas para melhorar o sistema prisional :construir mais prisões, penitenciárias e cadeias, ou prender menos’.

 O caso La Muralla

Na entrevista ao Estadão, Valois também refuta a acusação de que teria ligações com a facção Família do Norte (FDN), conforme insinuou a Operação La Muralla, que levou a Polícia Federal a cumprir  mandado de buscas em sua residência e seu gabinete em Manaus.

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“Meu nome é citado em conversas de advogados com presos. No sistema penitenciário, como juiz, não legitimo essas tais facções criminosas. Dizer que
um preso é líder de alguma coisa, que é membro de alguma instituição, é dar poder ao preso. Eu não dou poder a preso nenhum, preso para mim deve ser tratado da forma prescrita na lei, mas continuará sendo preso”.

 

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ASSUNTOS: chacina, Manaus, roraima

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.