Mais do que a pobreza, choca o descaso do poder público
Manaus é uma cidade cheia de contraste - de prédios suntuosos, avenidas bem cuidadas, praia com uma orla incrível e preservada, novos viadutos e avenidas que conduzem a lugar nenhum. Mas são o espelho visível, que reflete uma metrópole avançada, atraente, aconchegante.
No meio disso há circo e festa, que fazem corpos franzinos se mexerem em meio a uma mistura de sons e ritmos que abafam o clamor de quem mora na periferia e vive outra realidade - a do abandono, da pobreza, da submissão ao tráfico e à violência.
A miséria é tão chocante que não se resume aos pedintes que se espalham pelas ruas estendendo as mãos em busca de pão.
O centro, que é cantado como histórico, expõe mais ainda essa miséria, com gente "sem estômago" catando alimentos no lixo.
A parte da cidade que deveria ser revitalizada está tomada por entulhos. A Manaus do passado, morreu.
A do presente ainda é uma promessa, que vai se enraizando como um Frankstein.
ASSUNTOS: contrastes, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.