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Jair Bolsonaro não é o problema. O problema é o brasileiro


Por Raimundo de Holanda

25/10/2021 17h23 — em
Bastidores da Política



Imagine um mundo de oportunidades batendo à sua porta e você ganhando uma chave para abrir janelas, deixar o sol espalhar seus raios sobre o chão molhado e mofo  da casa que você sonhava ter. Imagine que, além disso, você ganhou o poder de compartilhar essa luz, fazer brotar a esperança, tornar  sonhos realidade, calar - não vozes - mas o ronco pavoroso  da fome de milhares de brasileiros. Imagine ainda que uma peste será colocada no seu caminho e que você tem o poder de ser uma barreira para   conter sua mortalidade. E, ao final, ser chamado de herói por todo um povo.

Foi essa oportunidade que Jair Bolsonaro teve e jogou fora. Não apenas se recusando a dividir o calor que a luz produzia, como  ultrapassando a fronteira que  separa  essa mesma luz das trevas.

Mas é preciso olhar para Bolsonaro com outros olhos - os que fechamos durante as eleições de 2018, porque ele nunca foi diferente do que se apresenta hoje. E, pior, nunca disse que mudaria seu jeito de pensar.

Ele sempre quis parecer mau. Onde a surpresa ?  Ou não defendia que as pessoas se armassem para  conter a violência? Ou não era o homofóbico de hoje? Ou  não atacava as mulheres e desdenhava dos negros ?

Mas Bolsonaro não é  o problema que a mídia vende. O problema são os políticos. Quem não está se cacifando  para as eleições de 2022, com dinheiro de emendas e orçamento secreto, está ganhando espaço politico com a fraqueza do governo.

Ao contrário do que dizem analistas políticos, zarolhos, cheios de ódio e ressentimento, Bolsonaro não é refém do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (que não tira da gaveta os pedidos de impeachment contra o presidente). Lira  é que é cúmplice de  Bolsonaro e arrasta com ele outros 512 deputados.

O resto é teatro de mau gosto, está dentro do script da grande comédia que será a eleição do ano que vem. Porque democracia é isso mesmo. Feita para divertir, apostar, sonhar e depois se recolher a um pesadelo ao qual os brasileiros já se acostumaram.

 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.