BR 319, tudo para dar errado outra vez
A ministra Marina Silva estava cedendo, com um novo olhar sobre a importância da BR 319 e a necessidade de torná-la trafegável, mediante regras ambientais claras, mas a aprovação da nova Lei Geral de Licenciamento pela Câmara dos Deputados, no final da noite de ontem, abriu de vez a porteira para a boiada passar.
A emenda apresentada pelo senador Eduardo Braga (PMDB-AM), isentando de fiscalização projetos de infraestrutura já em andamento, trava uma negociação que avançava, transformando-a num cabo de guerra, onde os maiores perdedores serão os amazonenses.
A intenção do senador foi a melhor possível, mas imprudente, num momento em que avançavam negociações para a pavimentação da rodovia, mediante regras que, de um lado, preservava o bioma no seu entorno, de outro rompia de vez o isolamento do Amazonas.
O problema é que a intervenção de Braga acabou beneficiando todos os projetos de infraestrutura, parados por agredirem o meio ambiente, e fez a festa de mineradoras e ruralistas.
É provável a judicialização dessa mudança radical na política ambiental e poucos avanços práticos na única obra que de fato interessa para o Amazonas: a BR 319.
ASSUNTOS: BR 319, Eduardo Braga, LICENCIAMENTO AMBIENTAL, Marina Silva
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.