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Ato falho na defesa do governador Wilson Lima


Por Raimundo de Holanda

23/07/2020 21h47 — em
Bastidores da Política


  • Diversamente do que alega o advogado do governador do Amazonas, em documento apresentado nesta quinta-feira à Comissão Processante, o objeto da denúncia contra Wilson Lima é bem delineado. Sua base é o interesse público, a moralidade pública, a impessoalidade que faltou nas ações do governante, a responsabilidade que não teve para com a gestão do patrimônio público. Dizer, como alega a defesa, ao tentar desconstruir os argumentos da peça acusatória, - que ‘fatos de tais natureza”, que apontam para crime de responsabilidade - sejam fatos genéricos - é admitir os fatos, mas deixar de reconhecer que são fatos associados por um mesmo interesse, que não o bem público. Para além do que diz sem objetividade a defesa do governador, é dever da Comissão Processante apurar fatos levados ao seu conhecimento, fatos que estão diretamente ligados ao interesse público. São fatos, sim, que se encerram em responsabilidade penal, civil e administrativa. Portanto, fatos que reclamam apuração e processamento. Ao contrário do que diz a defesa de Wilson Lima, a administração Pública está centrada na pessoa do governador do Estado. Cabe, no presente caso, não apenas avaliar atos de seu secretariado, mas atos de sua gestão, da gestão administrativa, cujo poder de controle e decisão é do governador.

Ao contrário do que alega a defesa do governador Wilson Lima, os fatos narrados na denúncia que pede o seu impedimento são graves, merecendo apuração, pela circunstância de que são  fatos que revelam uma política não somente de descaso, mas dominantemente marcada por gravíssimas irregularidades no emprego de recursos destinados ao combate do coronavírus e que foram escandalosamente ‘manipulados’..

Não são fatos genéricos - como diz   a defesa do governador - que se encontram presentemente lançados contra ele em uma denúncia que pode resultar no seu impedimento. São fatos de interesse coletivo, que dizem respeito ao interesse público, ao interesse maior de toda uma comunidade, de uma comunidade de cidadãos, de homens e mulheres que viram o dinheiro que pagam com a cobrança de impostos desviados de sua finalidade.

E mais:  desviados em momento de importância crucial, em que todos estavam ou estiveram em circunstâncias que se exigia maior zelo, maior atenção, maior trato, maior responsabilidade do governador para com a questão pública, especialmente no trato da saúde.

Atribuir a rotulação de fatos genéricos a fatos que se associam a interesses coletivos - como frisa o advogado do governador -  é  ignorar que ai residem  dois mundos bastante diferenciados

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ASSUNTOS: CGU, impeachment governador do amazonas, Manas, MPF, PF, wilson lina

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.