Papa Leão XIV vincula o acolhimento a pobres e estrangeiros à essência do Natal
Em sua primeira celebração de véspera de Natal como pontífice, o Papa Leão XIV utilizou a simbologia do nascimento de Jesus para enviar uma mensagem contundente aos fiéis e líderes globais. Diante de uma Basílica de São Pedro lotada, o sucessor do Papa Francisco afirmou que a rejeição aos mais necessitados, especialmente pobres e estrangeiros, representa uma negação direta da própria divindade. Segundo o líder religioso, a falta de abrigo para a Sagrada Família em Belém deve servir como um espelho para as crises humanitárias contemporâneas.
O pontífice, que é o primeiro norte-americano a chefiar a Igreja Católica, tem consolidado o cuidado com os marginalizados como o pilar central de seu governo desde sua eleição em maio de 2025. Durante a homilia, ele enfatizou aos 1,4 bilhão de católicos que a presença de Deus se manifesta na dignidade de cada indivíduo. Para Leão XIV, a conexão entre o sagrado e o humano é indissociável, argumentando que qualquer tentativa de separar o respeito ao próximo da fé cristã é um erro teológico e social.
A cerimônia, acompanhada por cerca de 6 mil pessoas em um clima de solenidade, foi palco de críticas veladas e diretas a estruturas políticas e econômicas atuais. O Papa não poupou palavras ao condenar o que chamou de "economia distorcida", que reduz seres humanos à condição de mercadoria. Ao citar o pensamento do falecido Bento XVI, ele lamentou a negligência global para com as crianças e os vulneráveis, reiterando que um simples estábulo pode possuir mais sacralidade do que um templo luxuoso, desde que haja acolhimento.
A postura política do Papa também ficou evidente ao retomar suas críticas à gestão migratória do presidente Donald Trump, marcada por uma forte polarização. Leão XIV defendeu que a verdadeira santidade é encontrada onde há espaço para o ser humano, independentemente de sua origem geográfica. Essa abordagem reforça o tom diplomático e humanista que o pontífice de 70 anos pretende imprimir em seu mandato, desafiando discursos nacionalistas que ganham força em diversas partes do mundo.
Mesmo sob uma forte chuva que atingiu Roma, cerca de 5 mil fiéis permaneceram do lado de fora da basílica, acompanhando o evento por telões na Praça de São Pedro. Demonstrando proximidade com o povo, o Papa fez questão de cumprimentar os presentes antes do início da liturgia, exaltando a resiliência daqueles que enfrentaram o mau tempo para participar do rito. O gesto foi visto como uma aplicação prática de seu discurso de empatia e presença física junto à comunidade.
O ciclo de celebrações natalinas continua nesta quinta-feira (25), com a tradicional missa de Natal. O ponto alto da agenda será a bênção "Urbi et Orbi", ocasião em que o Papa Leão XIV deve se dirigir novamente "à cidade e ao mundo" para tratar de questões de paz e justiça social. A expectativa é que o pontífice aprofunde suas propostas para uma Igreja mais inclusiva e voltada para as periferias existenciais da modernidade.
Veja também
ASSUNTOS: Mundo