Venezuela acusa EUA de "maior extorsão da história" em meio a bloqueio naval
O governo da Venezuela elevou o tom contra os Estados Unidos nesta terça-feira (23), durante reunião do Conselho de Segurança da ONU, classificando a pressão de Washington como a "maior extorsão" já registrada na história do país. O embaixador Samuel Moncada apresentou queixas formais contra as recentes manobras norte-americanas, acusando o governo de agir à margem do direito internacional ao exigir que os venezuelanos entreguem o controle do país. O protesto surge dias após a Venezuela anunciar uma denúncia formal motivada pela interceptação, por forças dos EUA, do segundo navio com petróleo venezuelano no Mar do Caribe no último sábado (20).
A gestão de Nicolás Maduro descreveu as ações de interceptação marítima como graves atos de "pirataria internacional" e garantiu que tais episódios não ficarão impunes. Para Caracas, o bloqueio naval e a retenção de cargas de petróleo configuram uma agressão direta que visa asfixiar a economia nacional. Em resposta, o embaixador dos EUA nas Nações Unidas, Mike Waltz, confirmou que Washington pretende aplicar sanções na "máxima extensão permitida" para privar o governo venezuelano de recursos. Segundo Waltz, o lucro do petróleo estaria sustentando o que chamou de "apropriação fraudulenta do poder" e atividades de "narcoterrorismo".
O debate no Conselho de Segurança expôs uma profunda divisão geopolítica, com Rússia e China saindo em defesa da soberania venezuelana. O representante chinês, Sun Lei, declarou oposição a atos de unilateralismo e intimidação, reiterando o apoio de Pequim à dignidade nacional da Venezuela. Já o embaixador russo, Vassily Nebenzia, adotou uma retórica mais agressiva ao descrever a postura de Washington como "comportamento de caubói". A Rússia alertou que a pressão contínua pode gerar consequências catastróficas e imprevisíveis para o Ocidente, violando normas fundamentais do direito internacional.
A escalada de tensão ocorre em um momento crítico, onde o controle sobre os ativos energéticos da Venezuela se tornou o centro de uma disputa diplomática e militar. Washington argumenta que o povo venezuelano merece uma alternativa ao atual governo e que a restrição financeira é a única via para forçar uma transição política. Por outro lado, Moncada reafirmou que a estratégia americana busca forçar a entrega de recursos naturais do país sob coação, ferindo o princípio de autodeterminação dos povos e transformando o Caribe em um cenário de confronto direto.
Por fim, o resultado da reunião desta terça-feira indica um impasse duradouro nas Nações Unidas, com as potências globais utilizando o caso venezuelano como um termômetro para a ordem mundial. Enquanto os Estados Unidos prometem endurecer o cerco econômico e manter a presença naval para impedir o fluxo de petróleo, a Venezuela busca apoio nos tribunais internacionais para denunciar o que chama de violação sistêmica. Sem um consenso entre os membros permanentes do Conselho de Segurança, a crise na região entra em uma nova e incerta fase de pressão máxima e isolamento econômico.
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