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Cerca de 50 brasileiras foram levadas à mansão de Epstein para abusos, diz uma das vítimas

Por Portal Do Holanda

24/12/2025 13h45 — em
Mundo


Donald Trump com Jeffrey Epstein — Foto: Comissão de Supervisão da Câmara / Divulgação

A brasileira Marina Lacerda, que revelou este ano ter sido vítima de Jeffrey Epstein, afirmou em entrevista à BBC News Brasil que cerca de 50 compatriotas frequentaram a mansão do bilionário e teriam sido alvo de agressões sexuais. Segundo Marina, o esquema de aliciamento era alimentado pelas próprias vítimas, que, em situação de vulnerabilidade, acabavam levando outras conhecidas para o local. "Eu levei algumas dessas meninas, e elas levaram outras", relatou ela, destacando que Epstein se aproveitava da falta de documentos e apoio familiar de jovens imigrantes.

Os relatos de Marina ganham força com a recente divulgação de documentos pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que mencionam um "grande grupo brasileiro" envolvido no caso. Epstein morreu em 2019 enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual. Na época dos abusos, Lacerda morava em Astoria, no Queens, bairro nova-iorquino com forte presença brasileira, e foi introduzida ao círculo do bilionário aos 14 anos sob o pretexto de realizar massagens em um homem "rico e poderoso".

Marina detalhou a escalada da violência, afirmando que Epstein era manipulador e alegava ter influência sobre governos e bancos. Ela relembrou episódios de agressividade e racismo por parte do bilionário, que teria reclamado quando ela levou uma jovem negra à residência. Com o tempo, as exigências de Epstein tornaram-se mais específicas, demandando garotas cada vez mais jovens. "Fui abusada lá dos 14 até os 17 anos", desabafou Marina, criticando a falta de proteção para adolescentes em comunidades de imigrantes.

A vítima também revelou ter sido abordada pelo FBI em duas ocasiões distintas: a primeira em 2008, quando o medo e a orientação de advogados ligados a Epstein a impediram de falar, e a segunda em 2019, após a nova prisão do bilionário. No depoimento mais recente, ela decidiu colaborar detalhadamente, apesar dos traumas que dificultavam a recordação de nomes e datas. Ela afirma que o sistema de manipulação era desenhado para silenciar as vítimas através do medo e da dependência financeira.

Atualmente, Marina utiliza redes sociais e plataformas de podcast para conscientizar famílias sobre abusos físicos e psicológicos, apesar de enfrentar ataques de internautas e até de familiares no Brasil. Ela relata que muitas outras vítimas latinas permanecem em silêncio por receio de julgamentos morais ou retaliações políticas. "Meu objetivo é ensinar nossas crianças a falar não", concluiu Marina, reforçando que a revelação dos documentos é um passo necessário para que a justiça seja feita.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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