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Otimismo de Biden com cessar-fogo é exagerado, avaliam especialistas

Por Folha de São Paulo

19/01/2025 19h30 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Especialistas que analisam a situação no Oriente Médio veem um "excesso de otimismo" no discurso de Joe Biden deste domingo (19) sobre a ofensiva israelense em Gaza. Em seu último dia como presidente dos Estados Unidos, Biden afirmou que o Hezbollah, que era um dos maiores apoiadores do Hamas, teve sua liderança destruída "no campo de batalha" devido a ações "muito bem-sucedidas de Israel" que foram apoiadas pelos EUA.

Declaração de Joe Biden teria um excesso de otimismo. É o que afirma a advogada Maristela Basso, professora de direito internacional da Faculdade de Direito da USP. Segundo ela, é possível dizer que o Hamas e o Hezbollah, assim como o Irã, que os patrocina, saíram enfraquecidos. "Contudo, eles ainda têm capacidade de fazer surgir novas lideranças e se renovar."

Especialista diz que imaginar futuro melhor para a região neste momento seria prematuro. "São forças movidas pelo ódio à Israel e querem varrer os judeus da face da Terra. Daí porque imaginar um futuro melhor para a região neste momento seria prematuro. Enquanto o direito de autodeterminação e de existência for negado à Israel, não haverá paz na região", diz Basso.

Aliança pró-Ocidente foi fortalecida. Bruno Huberman, professor de relações internacionais da PUC-SP, afirma conseguir entender, parcialmente, do ponto de vista americano, a declaração de Biden: "De fato, houve um fortalecimento dessa aliança pró-Ocidente ali no Oriente Médio e de fato houve um enfraquecimento da força opositora, que é o Eixo da Resistência".

Mas povos do Oriente Médio ainda se solidarizam à causa palestina. Huberman diz que frase de Biden, entretanto, é limitada. Isso porque, segundo ele, as forças pró-Ocidente se colocam no poder a partir de violência extrema. "Dessa forma, a legitimidade será muito limitada. Porque os povos do Oriente Médio ainda têm na solidariedade à causa palestina um elemento muito forte", diz.

Custo humano foi alto. Ainda segundo o professor da PUC-SP, houve um custo humano alto. "Milhares de mortos palestinos, milhares de mortos no Líbano, milhares de mortos na Síria. Os países ocidentais historicamente têm uma aliança constituída para que os horrores da Segunda Guerra Mundial não se repetissem, mas, de certa forma, os horrores se repetem, não mais na Europa, mas na periferia do Oriente Médio."

Ofensiva israelense obteve resultados importantes. Já para Samuel Feldberg, professor de relações internacionais e especialista em Oriente Médio, a ofensiva israelense obteve resultados importantes. De acordo com ele, Israel destruiu a maior parte do arsenal e da infraestrutura e eliminou os líderes do Hamas e Hezbollah, assim como a defesa antiaérea do Irã, e rompeu o "anel de fogo" criado por Qassem Suleimani, general iraniano morto em 2020.

Futuro melhor dependeria do engajamento internacional. "A situação geopolítica de Israel é muito mais favorável hoje que antes do oito de outubro, apesar do terrível preço pago pela sociedade israelense. Um futuro melhor para a região vai depender do engajamento internacional", analisa Feldberg.


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