Lula e Trump conversam sobre tarifaço por videoconferência nesta segunda
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta segunda-feira (6) de uma videoconferência com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O diálogo marca o primeiro contato direto entre os dois líderes desde que Trump reassumiu o comando da Casa Branca, em meio a tensões comerciais causadas pelo tarifaço imposto a produtos brasileiros.
A possibilidade da conversa havia sido levantada durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, quando Lula e Trump se cumprimentaram rapidamente após seus discursos. Na ocasião, Trump afirmou ter sentido “boa química” com o brasileiro e expressou interesse em aprofundar o diálogo. O encontro virtual desta segunda-feira foi articulado por equipes diplomáticas como um passo inicial para uma futura reunião presencial.
Segundo auxiliares do governo, a videoconferência busca abrir caminho para uma agenda de entendimento entre Brasil e Estados Unidos. O Planalto espera reduzir tensões comerciais e discutir temas de interesse mútuo, como regulação de big techs, transição energética e exploração de terras raras. O Itamaraty avalia o encontro como um gesto importante de pragmatismo político entre os dois países.
A relação entre Lula e Trump tem sido marcada por cautela desde a volta do republicano ao poder, no fim de 2024. Diplomatas brasileiros relatam preocupação com a imprevisibilidade das decisões do americano, especialmente em relação à política comercial. Há receio de que assessores de Trump tentem dificultar uma aproximação mais sólida com o governo brasileiro.
O tarifaço imposto por Trump prevê sobretaxa de 50% sobre cerca de 36% das exportações brasileiras aos Estados Unidos, medida que passou a valer em 6 de agosto. O republicano justificou o aumento alegando um suposto déficit comercial e citando questões políticas, como o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula, por sua vez, reafirmou na ONU que a soberania e a independência do Judiciário brasileiro “não são temas negociáveis”, mas destacou estar aberto ao diálogo econômico com Washington.
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