Divorciada, ativista e de origem negra: conheça Meghan Markle, a noiva de Harry
LONDRES - Atriz, ativista, feminista, divorciada, afro-americana e, oficialmente, noiva do príncipe Harry. A família real britânica anunciou que o quinto na linha sucessória da coroa irá se casar com Meghan Markle, de 36 anos, três anos mais velha que Harry, na primavera do Hemisfério Norte, entre março e maio de 2018 — pondo fim a semanas de rumores e quebrando uma série de paradigmas de uma só vez. Nascida em Los Angeles, da união de um diretor de iluminação branco com uma psicoterapeuta negra, Meghan é conhecida por defender suas raízes africanas. Também é uma feminista ferrenha: há alguns anos, uniu-se à ONU em prol da igualdade de gênero e do empoderamento feminino. E, ainda, ativista de causas humanitárias.
Os dois assumiram a relação em novembro do ano passado, após uma “onda de abuso e assédio” — como definiu então um comunicado do Palácio de Buckingham — sofrida pela americana em meio aos rumores do namoro. O tabloide “The Sun” chegou a dizer que Meghan estaria numa plataforma de vídeos pornográficos — na verdade, tratava-se de uma cena do seriado canadense “Suits”, onde ela tirava a camisola. No comunicado, a realeza condenou “o sexismo, o racismo e a difamação” de que Meghan foi vítima. Ela própria definiu como “deprimentes” os ataques. E criticou também o fato de darem tanta importância à sua ascendência afro-americana:
— É claro que é desanimador. Mas eu realmente estou orgulhosa de quem eu sou e de onde eu venho, e nunca nos concentramos nisso — afirmou.
Para a escritora Afua Hirsch, o noivado pode redefinir o que significa ser britânico:
— É um tabu gigantesco. O casamento trará uma realidade que o establishment britânico não tinha sequer imaginado: que um membro da família real pode não só amar e se casar com alguém cuja herança étnica é diferente da sua, mas com aquela que sempre foi vista como a mais diferente no país: negra e africana — afirmou ao “Guardian”. — Todo governo fez alguma tentativa, pelo menos retórica, de reconhecer e proteger a diversidade racial. A família real, no ápice de nossa sociedade, fazia tudo menos isso. O que fazia com que muitas pessoas acreditassem que ser verdadeiramente britânico e negro eram identidades incompatíveis.
A historiadora Kate Williams concorda:
— Numa corte e numa família que ainda são tão brancas quanto nos tempos da rainha Vitoria (1819-1901), talvez a mudança tenha começado pelo topo.
Além da forte atuação feminista e de sua ascendência, a união com Harry será o segundo casamento de Meghan — ela já havia trocado alianças, em 2011, com o produtor Trevor Engelson, mas os dois se divorciaram em 2013. A cerimônia deverá ser conduzida por Justin Welby, arcebispo de Canterbury, que disse estar encantado com a notícia. Welby é defensor do casamento de divorciados também no âmbito religioso, com o único impedimento de que o novo cônjuge não seja o responsável pela separação do matrimônio anterior.
A família real, por sua vez, não fez comentário sobre o fato de Meghan ser divorciada. No passado, membros da realeza que se casassem com pessoas separadas deviam renunciar aos direitos à coroa. Mas o que antes era polêmico, hoje pode ajudar:
— Mostrará que Harry é um homem profundamente moderno, à altura de seu tempo, e não uma criatura estranha vinda de outro planeta, como os membros da Casa Real às vezes são percebidos — explicou à AFP Penny Junor, biógrafa do príncipe.
Após anunciar o noivado, Harry e Meghan apareceram juntos pela primeira vez e posaram para fotos — ela mostrou seu anel de noivado nos jardins do Palácio de Kensington, em Londres, onde morarão após o casamento.
— Soube que era ela desde o primeiro momento em que nos vimos — afirmou Harry, lembrando que os dois se conheceram num encontro às cegas, graças a um amigo em comum.
O pedido foi feito durante um jantar, revelou o casal em entrevista à CNN.
— Foi uma surpresa fantástica, tão natural e romântico — disse Meghan.
— Ela nem me deixou terminar o pedido — completou Harry.
A mãe de Meghan, Doria Ragland, formou-se em Serviço Social e atua como psicoterapeuta e professora de ioga. Já seu pai, Thomas Markle, é um diretor de iluminação vencedor do Emmy. Foi sua profissão que fez com que a americana se apaixonasse pela arte da atuação. Ela ficou conhecida no papel de Rachel Zane no seriado “Suits” — confirmou que deixará a carreira para se unir a Harry nos compromissos oficiais.
— Estou empolgada em realmente conhecer mais sobre as diferentes comunidades e organizações que estão trabalhando nas mesmas causas pelas quais fui sempre apaixonada.
O irmão de Harry, William, e sua mulher, Kate, que protagonizaram em 2011 o último grande casamento real, também deram sua bênção à noiva. Assim como a primeira-ministra Theresa May, que manifestou “sua mais afetuosa felicitação aos noivos”. A rainha Elizabeth, por sua vez, disse estar “encantada” com Meghan.
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