'A corrida me salvou', diz lituana está na quarta edição da Maratona do Rio
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - Lina Karoblyte nasceu na Lituânia e, desde cedo, teve nas corridas uma aliada para as horas mais difíceis. Os passos firmes e velozes moldaram a trajetória pelo mundo da professora que se prepara para sua quarta participação consecutiva na Maratona do Rio de Janeiro, cidade que se transformou em lar há 22 anos.
"Estou esperando ser feliz. É a minha quarta participação consecutiva. Desta vez, vou fazer o desafio de estar no 21 km e 42 km. Precisava me desafiar de alguma forma. Treinei e espero concluir bem", conta.
Desafios e barreiras nunca intimidaram Lina. Quando jovem, calçava os tênis e corria. O cenário era um ginásio próximo à escola ou uma floresta nos arredores de sua casa, não importava, ela queria apenas desfrutar de um momento mais leve.
"A vida lá na Lituânia, quando eu era pequena, não foi muito fácil. Meu pai, infelizmente, tinha problemas com álcool e tivemos episódios complicados em casa. O clima não era bom. Em um tempo sem internet, eu lia muito e corria. Eu saía para correr, para tirar a minha cabeça daquelas coisas, era terapêutico. Eu voltava melhor comigo, e passei a adorar as corridas."
Lina se formou em engenharia química e se tornou quase uma cidadã do mundo. "Fui trabalhar na Suécia, Inglaterra e Bélgica, onde fiz um mestrado. Depois, fui para os Estados Unidos, até que cheguei ao Brasil".
O desembarque no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, aconteceu devido a um antigo amor. A corrida deu uma pausa apenas quando os filhos eram pequenos um hoje com 22 e outro com 16. Depois disso, já são 13 anos na ativa.
"A corrida me salvou da minha pior versão. Eu estava me afundando em tristeza e cobranças internas, por não conseguir visitar a minha mãe no outro lado do mundo... E corria cada vez mais."
Em 2018, Lina resolveu fazer a maratona pela primeira vez, mas veio um baque. "Perdi a minha mãe, a minha fortaleza, faltando uma semana para o grande dia. Quem me salvou novamente? A corrida. Após o luto e a tristeza passarem, fiz a minha primeira maratona do Rio em 2022".
"Já fiz maratonas em diversos lugares. Até fiz a de Boston, que é uma das mais tradicionais e um sonho, né? Mas nenhuma se compara em beleza, em cenário, com a do Rio."
Por aqui, Lina cursou faculdade de letras e, atualmente, dá aulas de inglês em escolas. Ela conta que o jeitão carioca a ajudou na adaptação da língua. "Eu não falava coisa alguma em português, mas sempre gostei de conversar. E aqui é um lugar em que as pessoas conversam. Isso foi muito bom. Eu fui aprendendo aos poucos, no dia a dia. No começo, entendia, mas não conseguia falar. Só balançava a cabeça (risos)".

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