O mundo treme quando mísseis passam perto do oásis do petróleo, a Barbie vai pensar como uma máquina e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Você acha que a situação econômica do país piorou ou melhorou nos últimos meses? Talvez, a resposta seja baseada no que está acontecendo na sua despensa, o mundo treme quando mísseis passam perto do oásis do petróleo, a Barbie vai pensar como uma máquina e o que importa no mercado.
*TUDO BEM OU TUDO MAL?*
O que você acha que está acontecendo na economia? Ir ao mercado lhe causa dor no coração ou poderia ser pior? O Datafolha perguntou aos brasileiros sobre a percepção deles do momento econômico que o país vive.
Segundo os resultados, quase a metade (que têm 16 anos ou mais) acha que a situação se degradou nos últimos meses 47%. No entanto, a porcentagem é menor do que quando esta mesma pergunta foi feita em abril.
Naquele momento, 55% deles pensava isto.
A nova resposta leva o patamar de volta ao que ele era em dezembro de 2024.
Por outro lado a percepção de que a coisa melhorou oscilou de 21% para 22%. Outros 28% acreditam que a situação permaneceu igual. Eram 23% em abril.
↳ A pesquisa foi realizada nos dias 10 e 11 de junho, com 2.004 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 136 municípios. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
Quem sentiu mais? Os jovens, de 25 a 34 anos (55%), com ensino superior (57%), em faixas de renda mais alta (53% a 62%) e na região Sul (57%).
↳ O mesmo levantamento mostrou que os brasileiros acreditam que o dinheiro público é suficiente, mas mal aplicado.
No fim das contas como anda essa tal de situação econômica?
No primeiro trimestre deste ano, o PIB acelerou o ritmo de crescimento para 1,4% na comparação com os três meses finais de 2024, puxada, principalmente, pela recuperação da safra agrícola.
O IPCA, principal métrica da inflação brasileira, acelerou 0,26% em maio. Um ritmo mais lento de crescimento do que o registrado em abril.
O desemprego no primeiro trimestre do ano ficou em 7%. Em geral, considera-se uma taxa baixa. Mas, houve aumento em relação ao último trimestre de 2024.
Este é o cenário. Os preços subiram, a produtividade também. A maior parte da população está empregada, o que leva ao entendimento de que há mais dinheiro circulando no país uma receita que pode levar ao aumento da inflação.
Aí que entra a Selic nas alturas 14,75%, tá bom ou quer mais?, tentando segurar o nível dos preços em um patamar menor ao encarecer o acesso ao crédito e outras formas de financiamento.
↳ Falando em Selic, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne na terça e na quarta-feira. A expectativa do mercado é que ela suba para 15% e fique assim até o fim de 2026, quando começaria a baixar.
*COMO ANDA A SUA DESPENSA?*
Falamos um pouco sobre como os brasileiros percebem os preços. Agora, vamos tratar de como eles estão nas prateleiras do supermercados e o que esperar na hora de encher a despensa.
Os alimentos, de forma geral, estão pressionando o bolso do consumidor. Contudo, você reparou que alguns produtos básicos ficaram um pouco mais baratos de uns tempos para cá?
🍚🫘 Dupla dinâmica. O arroz e o feijão, por exemplo, tiveram quedas nos valores que chegaram a dois dígitos nos últimos doze meses segundo o IPCA, aferido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No caso do arroz, a queda acumulada foi de 12,07% nos 12 meses até maio;
Entre os quatro tipos de feijão pesquisados no IPCA, o preto acumulou a maior baixa nos 12 meses até maio, de 23,01%. O carioca, o mais consumido no Brasil, teve a segunda queda mais intensa, de 13,17%.
O que rolou? Em poucas palavras, a safra foi boa.
"O principal fator [para a queda dos preços] é a oferta maior que a demanda", afirma o consultor Evandro Oliveira, especialista nos mercados de arroz e feijão da consultoria Safras & Mercado.
Gastando mais o latim, dá para dizer que o agro entregou mais grãos, mas a população não está comprando tudo.
O Rio Grande do Sul, principal produtor de arroz no país, está se recuperando das enchentes históricas de 2024. Com isso, a safra vai melhorando aos poucos.
O Paraná é o maior responsável pela produção de feijão nacional.
Mudança de prioridades. Apesar dos ganhos de renda com a melhora do mercado de trabalho, a venda da dupla tem sido freada no varejo por uma série de fatores nos últimos anos, segundo o consultor.
Uma parcela da população tem comido mais fora de casa e poupado o trabalho na cozinha;
Outra questão importante, aponta o consultor, é a febre das bets, as plataformas de apostas que abocanharam uma parcela do orçamento das famílias, incluindo as de baixa renda.
↳ Esta não é uma análise só de Oliveira. Outros especialistas já haviam apontado o fenômeno aqui no jornal.
Por outro lado uma outra commodity, muito amada pelos brasileiros, continua pesando o orçamento. Quem aí está tomando menos cafézinho?
O preço do café em pó acumula alta de 82,24% nos últimos 12 meses, segundo a inflação medida pelo IPCA.
A disparada no valor do café é explicada por quebra de safra severa, provocada por eventos climáticos de 2023 e 2024, como queimadas no Sul de Minas Gerais, estiagens prolongadas e a influência do fenômeno El Niño.
*CORRAM PARA AS COLINAS*
Ah! Como deve ser bom viver em um mundo tranquilo, sem muitas emoções nem conflitos iminentes. Certamente, não é o caso deste aqui.
Nos últimos dias, as tensões entre Irã e Israel escalaram, com bombardeios para os dois lados o que causa problemas para várias áreas, incluindo a economia.
O precioso. O primeiro impacto foi sentido no preço do petróleo. Logo depois do ataque inicial, de Tel Aviv a Teerã, o mercado reagiu.
Os preços dos barris do óleo só não foram parar na lua porque estavam bem baixos.
O maior temor dos especialistas é que a hostilidade vire um conflito de grande escala na região, e o Irã acabe fechando o estreito de Ormuz, região prolífica em combustíveis fósseis.
Pior cenário. Analistas do JPMorgan disseram que o fechamento do estreito ou uma resposta retaliatória de grandes países produtores de petróleo na região poderia levar os preços do petróleo a disparar para US$ 120 (R$ 664) a US$ 130 (R$ 720) por barril, quase o dobro de sua previsão base atual.
O Brent disparou 12% e atingiu US$ 78,50 (R$ 434) por barril nas primeiras horas da manhã de sexta-feira, após Israel lançar dezenas de ataques contra instalações militares e do programa nuclear iraniano.
↳ Brent é um tipo de petróleo, mais leve e com poucas quantidades de enxofre. Ele é usado como referência para a precificação da commodity em quase todo o mundo. É negociado na ICE, bolsa intercontinental de valores, em Londres.
Corram para as colinas...disseram os investidores, que logo levaram o seu rico dinheirinho para o tesouro americano, investimento que ganhou o status de porto seguro em momentos de tensão global.
↳ Esta reputação, no entanto, vem se deteriorando recentemente.
Quando todo mundo compra o mesmo ativo, o preço dele sobe. Como a relação entre preço e juros é inversa, isso significa que o rendimento dos treasuries caiu muito. Uma vez que a situação é de caos, os investidores pisaram no freio e venderam um pouco, para ter um prêmio melhor nestes ativos. Muitas emoções em poucas horas.
Nas costas do Fed. Tudo isso recai sobre o Federal Reserve, o BC dos EUA, que também decide sobre a taxa de juros na quarta-feira. Ainda que o presidente Donald Trump queira muito taxas menores, a situação pode complicar este sonho.
Petróleo mais caro significa gasolina e energia mais caras, e, com isso, preços maiores em geral. Bingo! O nome disso é inflação.
*CORPO ARTIFICIAL, MENTE ARTIFICIAL*
Enquanto a Disney e a Universal estão processando empresas de inteligência artificial, outras marcas do setor do entretenimento estão selando parcerias com elas. Se não pode com eles, junte-se a eles?
A Mattel, fabricante das bonecas Barbie e dos carrinhos Hot Wheels, firmou um acordo com a OpenAI para usar as ferramentas de inteligência artificial da companhia no desenvolvimento e, em alguns casos, na operação de brinquedos e outros produtos baseados em suas marcas.
Engatinhando. Não será amanhã que as Barbies sairão falando e pensando sozinhas. A colaboração está nos primeiros passos e a intenção não é transformar as bonecas em robôs humanoides.
O primeiro lançamento está programado para o fim deste ano, de acordo com o que foi dito por Brad Lightcap, diretor de operações da OpenAI, e Josh Silverman, diretor de franquias da Mattel, em entrevista conjunta.
O que esperar? A tecnologia poderá resultar na criação de assistentes digitais inspirados em personagens da Mattel, ou ser usada para tornar brinquedos e jogos como o Magic 8 Ball e o Uno ainda mais interativos.
Reinventar o futuro dos brinquedos...é como Silverman descreveu a empreitada. O mercado gostou.
As ações da Mattel subiram 1,8% na manhã de quinta-feira (12) em Nova York, cotadas a US$ 19,59. No acumulado do ano, os papéis já valorizam 10%.
Vamos com calma. Segundo o executivo da empresa de brinquedos, o acordo não envolve o licenciamento da propriedade intelectual da Mattel para a OpenAI, e a empresa continuará com total controle sobre os produtos desenvolvidos. Mas, quem sabe o limite de uma tecnologia tão recente?
Dominação global. A parceria faz parte das ambições da Mattel para o futuro. Faz algum tempo que o universo das bonecas e dos carrinhos saiu dos brinquedos e foi para as telonas, mas, recentemente, a coisa ganhou maiores proporções em Hollywood.
Como esquecer das multidões vestidas de rosa assistindo Barbie em 2023?
Agora, o CEO da empresa, Ynon Kreiz, quer novos filmes, séries e jogos de celulares nos próximos anos. E o seu bolso, está preparado?
*O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER?*
💰 Mais perto do gol. O BRB (Banco de Brasília) entregou a documentação que faltava para a compra de parte do Banco Master.
🚘 Sob nova direção. Renault troca de CEO em meio a dificuldades para montadoras europeias no comércio global.
✈️ Largado às traças. Congonhas perde movimentação de jatinhos para outros aeroportos de São Paulo.
⛓️ Paz armada. Mais de um ano depois da Nippon Steel ter tentado comprar a U.S. Steel, as empresas chegaram a um acordo.

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