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Artigo: O povo apoia Gleisi Hoffmann

Por Agência O Globo

27/08/2016 3h52 — em
Brasil



Num momento doloroso da vida da nação, em que só falta à boa parte da população (à la Sivuca, da Scuderie Le Cocq) dizer que “político bom é político morto”, a senadora Gleisi Hoffmann tem, acho, o apoio da galera quando diz que o Senado não tem condição moral de julgar Dilma. É verdade. As pessoas estão enojadas “desses políticos todos”, inclusive de Dilma.

Essa face da nossa tragédia consiste na putrefação, no imaginário popular, da atividade política, na base — errada, diga-se — de que ninguém presta nesse meio. Mas a política é essencial numa democracia. O ser humano, por mais criativo que seja, a ponto de inventar o Pokémon, só criou dois tipos de regime: o dos tanques (de direita ou de esquerda, pouco importa ) e o da política.

A crise moral atual se deve muito ao PT de Gleisi. Claro que o partido de Lula não inventou a farra — há menos peixinhos a nadar no mar do que acusações contra Eduardo Cunha, um dos líderes do processo de impeachment. Mas boa parte do PT caiu de cabeça na gandaia, como mostra a Lava-Jato. O próprio Lindbergh Farias, que junto com Gleisi e Vanessa Grazziotin são valentes na defesa de Dilma no Senado, é um dos investigados.

É imoral, para dizer o mínimo, Antonio Palocci ter recebido, a título de consultoria, em pleno governo petista, R$ 5,7 milhões da Amil, uma empresa que pode ir ao céu ou ao inferno dependendo do nível de reajuste anual dos planos de saúde, decidido pelo governo.

É imoral, para dizer o mínimo, Zé Dirceu ter trabalhado, em pleno governo petista, para todas as grandes empreiteiras do país, um setor que, no mundo inteiro, é capaz de pisar no pescoço da mãe para conseguir obras públicas.

Talvez esses comissários tenham levado a sério o pensamento marxista de que não há verdades morais eternas. Mas o professor da NYU Steven Lukes, 74 anos, autor de “Marxismo e moral”, lembra que há um paradoxo nesta visão, “porque a maior parte das pessoas que se tornam marxistas o faz principalmente por motivos morais”. O mestre, pelo visto, não conhece o Patropi.


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