Quando o bem público tem dono e não é o povo
Durante o Festival de Parintins os donos do "bem público" se excederam e se expuseram abertamente.
Esse patrimônio, que em tese pertence ao povo, é desfrutado muito mais pelos que detêm o poder e dele desfrutam.
A imprensa vive denunciando incursões de empresários, políticos e outras autoridades sobre o "bem público". E escandaliza quando o presidente do STF, Roberto Barroso; do Senado e da Câmara, David Alcolumbre e Hugo Mota, utilizam avião da Força Aérea Brasileira para assistir ao Festival de Parintins.
O que precisa ser explicado para a população em geral, é que o "bem público" é, em sua essência, privado.
Afinal, quem faz funcionar o "bem público" senão os governadores, senadores, deputados, prefeitos, vereadores e membros do Judiciário? Uma elite que mantém o monopólio das decisões políticas e econômicas.
Se o "bem público" pertence a todos, pertence muito mais aos que detém o poder e dele desfrutam.
Não que seja normal. Não é, mas as coisas funcionam assim no Brasil.
O ministro Barroso tentou justificar o uso do avião da FAB, dizendo que na verdade seu destino era Manaus para um encontro com o presidente do Tribunal de Justiça, Jomar Fernandes.
Entretanto, este estava em Parintins e lá se encontraram. Mas em Parintins não consta um encontro oficial entre as duas autoridades. Tudo era festa.
O argumento não colou. Mas quem liga para isso ?
ASSUNTOS: David Alcolumbre, Hugo Mota, público versus privado, Roberto Barroso
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.