O grito de guerra dos professores
Os professores do Amazonas continuam em greve e os prejuízos já entram dentro das casas, afetam famílias, privam crianças pobres de alimentos - aquelas que vão a escola não apenas para aprender, mas para comer o pão que os pais não conseguem colocar sobre a mesa.
Os professores não estão em greve porque não querem ensinar. Reivindicam melhores condições de trabalho, querem respeito e a paralisação, por mais amarga que pareça para pais e alunos, tem sido uma lição para um governo que demorou a estabelecer o diálogo, tentado ontem pelo vice-governador Carlos Almeida, mas recebido com desdém pelos professores, ofendidos com a proposta de reajuste de 3,93%.
A greve deve continuar, enfraquecendo mais ainda um governo que comprometeu sua capacidade de pagamento em 100 dias, criando grupos de trabalho desnecessários e elevando para R$ 40 milhões/mês a despesa com cargos comissionados.
Outras categorias já se mobilizam também por reajustes que o governo não pode dar. Mas esse mesmo governo poderia, num gesto de grandeza, renunciar. Seria a maior contribuição do governador Wilson Lima com um Estado que o acolheu como forasteiro que era e que ainda não deixou de ser.
MAIS PROBLEMAS
O Amazonas está diante de um problema sério :a perspectiva real de ver sua economia encolher, o desemprego aumentar e o comércio fechar suas portas. Tudo porque o ministro Paulo Guedes pretende zerar o IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados, o que inibiria investimentos em Manaus. Mas por que isso não mobiliza os amazonenses e nem preocupa grande parte da população que vive em em Manaus? Pelo mesmo motivo que elegeram um garoto despreparado para governar o estado, pela falta de conhecimento da história recente do Amazonas e do que foi feito nos anos 70 para reduzir as desigualdades regionais e tirar o estado do isolamento.
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.