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Manaus é polo exportador de riquezas que ‘não criam raízes’


Por Raimundo de Holanda

24/10/2016 23h31 — em
Bastidores da Política



 

Manaus é um caso típico de média metrópole do mundo ‘emergente’: superpovoada, isolada e dependente. Principalmente esta última característica é determinante para explicar a insustentabilidade de uma cidade com mais de dois milhões de habitantes e imensos recursos naturais. Ao longo dos três séculos e meio de existência tem sido fonte de exploração predatória e polo exportador de riquezas que ‘não criam raízes’. Politicamente, depende de Brasília; economicamente, depende do Centro-Sul; socialmente, depende dos recursos de fontes controladas externamente. De si mesma, não arrecada metade do que necessita. Isto porque sua economia não cresce, é inflada por mecanismos artificiais e interesses subalternos.

Numa região onde o cupim e a saúva são pragas endêmicas, intestinamente Manaus sofre uma corrosão de valores que se alastra do topo para a base da pirâmide social, causando um estado de progresso a ‘passos de jabuti’.

CAUSA EVANGÉLICA

O jovem candidato Marcelo Ramos parece que finalmente foi atraído para a causa ‘evangélica’ pelo veterano Silas Câmara, que se diz dono de um rebanho de mais de 300 mil ovelhas. O candidato a prefeito que disputa o segundo turno da eleição em Manaus com  Arthur Neto, passou a usar na semana passada uma técnica considerada ‘infalível’ pelos pastores para atrair fiéis. Dizem que o mantra “olhe nos meus olhos”, repetido exaustivamente nos púlpitos, tem o poder de hipnotizar as multidões durante os cultos. Só não deu muito certo com Silas, que só hipnotizou um terço de seu rebanho para votar nele no primeiro turno.     

SINUCA DE BICO

Os mais de 51 prefeitos eleitos no interior do Amazonas foram a Brasília para dizer que estão numa ‘sinuca de bico’. Sem dinheiro para pagar pessoal, honrar os compromissos e fazer investimentos ao mesmo tempo, o horizonte para os novos prefeitos está repleto de nuvens negras. Mas no encontro da Confederação Nacional dos Municípios, que começou ontem e termina amanhã, eles já sabem que não terão nenhum ‘alívio’ para o sufoco das finanças. Vão receber orientações e ouvir muita conversa. E sair de lá com a confirmação do que todos já sabem: a crise é geral e o país ainda está apertando o cinto para sobreviver e encontrar a luz no fim do túnel.

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A maior esperança é no governo federal, que por sua vez está propondo um corte mais fundo nos gastos, com a PEC 241 do Teto. Para alguns prefeitos, não há mais como estabelecer teto, pois os recursos estão ao nível do piso.

EMENDAS DE BISNETO

O deputado federal Arthur Bisneto apresentou este ano na Comissão Mista de Orçamentos da Câmara Federal, sete emendas à Lei Orçamentária da União para o ano de 2017, totalizando R$ 15,31 milhões, priorizando o setor de saúde de Manaus e de municípios do interior, com R$ 7,65 milhões. O setor de infraestrutura na capital e interior recebeu emendas no valor de R$ 6,90 milhões. As emendas de Bisneto também destinam R$ 256 mil para a cultura dos bumbas de Parintins e R$ 500 mil para a promoção do desenvolvimento regional pela Suframa.

A ESCOLA DE QUALIDADE

Com o projeto “Escola de qualidade, responsabilidade de todos”, o professor Rodrigo Barbosa Froés, da Escola Municipal Antônio Matias Fernandes, no bairro União, zona Centro-Sul de Manaus, recebeu, na última semana, o título de melhor gestor do Brasil, da Fundação Victor Civita. Com isso, Rodrigo passa a ser o primeiro gestor do Amazonas a ser premiado em concurso a nível nacional, na categoria gestor. Na cerimônia, ele recebeu um troféu, além de valor em dinheiro. 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.