Justiça para o gari assassinado em Manaus. Mas que Justiça?
O assassinato do gari Aldemir Castilho, em Manaus, na quarta-feira, suscitou uma onda de protestos de amigos de trabalho e familiares. O que mais se ouviu foi a palavra “Justiça”, na forma de punição de seus autores. É pouco. Não é a justiça na sua plenitude. Ninguém se dispôs a ir em outra direção: pressionar para que Estado do Amazonas revise sua politica social, que melhore o sistema educacional, que adote uma politica de oportunidades que favoreça de um lado o emprego, de outro garantias de segurança e bem-estar. Querem uma justiça que está na lógica e no conceito de uma sociedade fragilidade pelo medo, e que tem demandas muito restritas, o que tira o foco de um problema que é social, não estritamente policial.
Se olharmos os números de assassinatos ano passado (1.060 em Manaus) e de roubos (37.651, além de 31.806 furtos) é fácil observar que a cidade vive uma guerra e que não há mecanismo de repressão qualificado para detê-la. Ou melhor, não há polícia que consiga conter um problema que se agrava a cada dia.
As tabelas exibem números que por si mesmos desmontam essa pseudo engrenagem governamental que vende eficiência de combate a criminalidade e que está longe de ser real.
É preciso sim, prender os criminosos, mas o Estado tem que vencer as mazelas do presente e começar a construir o futuro.
Para começo de conversa, ser o mais intolerante possível com as organizações criminosas que ocupam vastas áreas de Manaus e que, já se sabe, estão por trás da maioria dos roubos para “fazer caixa”.
Segundo, adotar uma politica educacional que forme cidadãos conscientes de seus deveres, mas alicerçados por direitos a moradia, saúde, segurança e emprego.
Terceiro, buscar alternativas de desenvolvimento sólidas que venham a substituir projetos em declínio e que, a continuar essa omissão, esse acomodamento deixará o Amazonas e seus habitantes em situação econômica muito ruim nas próximas décadas.
O estado de violência é consequência da má politica educacional, da carência de governantes com capacidade de pensar o futuro, de construir uma economia sólida e distribuir as riquezas dai geradas.
Estão aí as eleições. Caberá ao eleitor saber o que é melhor para o Estado…
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.