CPI da Saúde vai apontar crimes atribuídos ao governador do Amazonas
A maioria governista deve barrar o pedido de prorrogação por mais 60 dias da CPI da Saúde, que será submetido ao Plenário da Assembleia Legislativa nesta terça-feira, mas não livra o governo de constragimentos. Um pré-relatório está sendo revisado e deve pedir o indiciamento de servidores e ex-servidores acusados de envolvimento em esquema de corrupção durante o pico da pandemia de coronavirus. Entre os nomes relacionados constam o da ex-secretária de Comunicação do Amazonas, Daniela Assayag, e do marido dela, Luiz Carlos Avelino Jr, este envolvido diretamente em negócios com a Sonoar Equipamentos, empresa citada no escândalo da compra de respiradores.
A CPI colheu provas de que Luiz Carlos detinha 50% das cotas societárias da empresa.
A CPI não tem poder de indiciar, mas tem autoridade para provocar o Ministério Público, a Polícia Federal e o Judiciário a tomarem a iniciativa de iniciar uma ação penal contra os acusados
A outra questão mais grave e que deve constar do relatório da CPI é o indício do envolvimento direto e indireto do governador Wilson Lima nos atos de corrupção ocorridos durante o pico da pandemia de coronavirus.
Todas as testemunhas ouvidas pela CPI e que participaram do caso em apuração, disseram que o governador sabia de cada passo tomado pelos executivos da Secretaria de Saúde e que nada foi feito sem a concordância dele.
Com base nessas conclusões, o relator da CPI, deputado Fausto Vieira do Santos Júnior, pretende incluir o governador no seu relatório e formalizar um novo pedido de impeachment contra Wilson Lima, por supostamente chefiar a organização criminosa.
A CPI vem trabalhando afinada com a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Controladoria Geral da União, que continuam a investigar ações criminosas cometidas durante a pandemia de coronavírus no Amazonas.
Os trabalhos da CPI têm contribuído parta municiar órgãos de controle de documentos que vão balizar iniciativas como a que resultou em busca e apreensão na casa do governador e prisão de secretários no mês de junho.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.