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Amazonas pagou R$ 1 bilhão para quitar contratos suspeitos em 2020


Por Raimundo de Holanda

02/09/2021 18h25 — em
Bastidores da Política



O governo do Amazonas pagou em 2020  cerca de 1 bilhão para quitar contratos sem licitação referentes a exercícios anteriores - os chamados restos a pagar.  As digitais dos agentes públicos que autorizaram os pagamentos estão com o Tribunal de Contas do Estado e podem resultar em ações de improbidade administrativa e até prisões, se comprovadas as suspeitas de ilícitos.

A maioria dos pagamentos  foram  referentes a contratos cuja execução não estava  devidamente registrada nem prevista no orçamento do Estado.

Na prática, o que houve, segundo especialistas consultados pela coluna, foi um grande esquema que permitiu que o dinheiro chegasse a muitas mãos.

Entre os pagamentos suspeitos estão os realizados pela Secretaria do Sistema Penitenciário, que liberou  R$ 200 milhões para quitar despesas com empresas que teriam realizado serviços essenciais, mas sem passarem pelo crivo de um processo licitatório. A empresa diz que realizou o serviço, alguém atesta e o pagamento é autorizado. Simples assim.

Mas essa não é a prática de uma ou outra secretaria. É uma prática de governo. E de muitos governos.

O contribuinte, que no final tem que pagar essa conta, apenas assiste, enquanto o governo corre atrás de mais dinheiro: empréstimos internacionais, como os 200 milhões de dólares que passaram pelo Senado e vão entrar nos cofres do Estado do Amazonas este ano.

O objetivo é  nobre -  serão investidos em ações de recuperação fiscal e investimentos sociais(?) - mas é o dinheiro que está criando uma casta de nobres no Amazonas, enquanto a população vê a violência crescer, a saúde entrar em colapso, a miséria aumentar, a cesta básica subir e o desemprego crescer.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.