RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Ali tem livros coloridos, disse um adolescente à mulher adulta que o acompanhava. O jovem apontara para o estande de "romances hot" da editora Companhia das Letras, na Bienal do Livro. A mulher sorriu e desconversou.

Os romances com narrativas sexuais, fenômeno em plataformas virtuais de vendas de livros e em redes como TikTok, ganhou espaço de destaque nos estandes de editoras desta edição da Bienal, no Rio de Janeiro.

O Grupo Record colocou os livros do gênero na seção "romances hot", no corredor destinado ao público jovem adulto. Na Harlequin, selo do grupo HarperCollins, as obras estão na prateleira "literatura safada".

As capas com ilustrações românticas —um casal patinando no gelo, uma mulher que assiste a um homem nadando no mar—, fisgam o público ao primeiro olhar: as capas são desenhadas e coloridas, e os títulos, como "Síndrome da Boa Garota", de Elle Kennedy, e "Antes Ódio do que Nada", de Chloe Liese, não dizem tudo. Há também autores brasileiros.

Os livros estão à venda em embalagens plásticas, o que impede o público de folhear os exemplares. As seções de romances com teor sexual não dividem espaço com clássicos, religiosos ou literatura infantojuvenil. Estão vizinhas de romances contemporâneos e seções de "diversidade", "literatura LGBTQIA+".

Os romances hot também aparecem sob o rótulo de "new adult", ou "novo adulto". São narrativas românticas com tons de humor e relatos sexuais. No estande do Grupo Record, cercado por livros para jovens adultos, o autor Stefano Manzolli tentava atrair leitores para seu romance "Todas as Mentiras que Contei". "Pode levar, é zero hot", disse Manzolli a uma mãe acompanhada do filho. Ela comprou.

Uma observação de minutos nos estandes é suficiente para indicar que as prateleiras de romances hot são procuradas, em boa parte, por um público homogêneo na idade. São adolescentes e jovens adultos, como parecia ser a maioria dos presentes na Bienal nesta quinta-feira (19).

O feriado de Corpus Christi fez aparecer um público maior de adolescentes e adultos em família, em comparação com os outros dias da semana, quando a quantidade de criança parecia maior, muito por causa dos passeios escolares.

O evento acontece até domingo nos pavilhões do Riocentro, zona oeste da cidade.