O povo Karipuna bane criminosos de suas terras na Amazônia
A Terra Indígena Karipuna de Rondônia, homologada no ano de 1998, onde vivem os últimos Karipuna, vítimas de genocídio, tem enfrentado uma realidade frequente em terras indígenas da Amazônia: a ameaça de madeireiras, grileiros e pecuaristas.
Os Karipuna quase foram extintos depois de terem contato com estranhos pela primeira vez na década de 1970, e muitos deles morreram em conflitos e doenças. Atualmente, são apenas cerca de 70 pessoas, dos quais menos da metade vive na aldeia reserva, 200 km da capital do estado, Porto Velho.
Adriano Karipuna, o líder tribal, responsabiliza inteiramente o governo brasileiro pelos crimes que ocorrem hoje. O relatório afirma que o governo federal incentiva os grileiros com promessas de reduzir a extensão das terras indígenas e entregá-las aos invasores.
Devido isso, uma articulação institucional estabelecida pelos lideres Karipuna, o Greenpeace e o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), conseguiu controlar e fornecer dados precisos para as autoridades brasileiras, para investigação dos atos criminosos praticados nas terras indígenas.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal desmanchou tais grupos criminosos que estavam agindo naquela região. Junto às queixas feitas em instâncias da ONU e no Vaticano, a influência fez com que houvesse uma queda significante do desmatamento.
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A redução na derrubada ilegal de vegetação nativa dentro da TI foi de 49% em relação ao mesmo periodo do ano anterior a agosto de 2019, ficando em 580 hectares. O maior nível de degradação naquela área havia sido entre 2017 e 2018, ultrapassando 1.500 hectares, o que coloca a terra Karipuna entre as mais desmatadas do país.
“O Ibama não pode fazer isso sozinho, a Polícia Federal tem que estar envolvida na investigação para chegar ao crime organizado por trás do processo de usurpação de terras. Enquanto as pessoas pensarem que não irão para a cadeia, elas continuarão a se mudar para a terra.” disse Danicley de Aguiar, do Greenpeace.
A operação SOS Karipuna, iniciada em junho de 2019, envolveu oito instituições de nivel federal e estadual e resultou em 15 mandados de prisão e 34 mandados de busca e apreensão, além da apreensão de bens, avaliados em mais de R$ 46 milhões.
“A Terra Indígena Karipuna é um exemplo claro do que está acontecendo na Amazônia. Isso não é extração isolada ou roubo de recursos naturais. É um caso para usar em toda a Amazônia. Karipuna nos mostrou que quando as agências do estado trabalham juntas, elas podem acabar com essas redes criminosas. “ cita Aguiar, sobre a situação do desmatamento no Brasil todo.
A ratificação pelo governo brasileiro é a fase final da demarcação de um território indígena. Isso significa que todos os requisitos para o reconhecimento oficial da cidade como habitante tradicional daquelas terras foram atendidos. Esse processo, no entanto, pode levar décadas para ser concluído. E as tribos têm que lidar com enormes barreiras burocráticas e políticas para serem definitivamente reconhecidas.
Pecuaristas tentaram reivindicar mais de 90 vezes, terras que fazem parte da reserva Karipuna. O número alto de reivindicações indica a confiança dos invasores, de que mais ou mais tarde, no governo atual, eles poderão ter posse das terras. Enquanto isso, o povo Karipuna mostra que o necessário é a articulação e vontade política.
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