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Após quase três anos, Youssef deixa cadeia para cumprir prisão em casa

Por Agência O Globo

17/11/2016 13h34 — em
Brasil



CURITIBA - O doleiro Alberto Youssef saiu da prisão no começo da tarde desta quinta-feira. Ele cumprirá os últimos quatro meses de pena em regime domiciliar. Personagem central do esquema de desvios de dinheiro da Petrobras, Youssef ficou dois anos e oito meses preso na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba. O doleiro saiu do prédio da PF por volta das 13h30 e foi escoltado até a Justiça Federal. No local, colocou uma tornozeleira eletrônica e saiu por volta das 14h15 no carro do seu advogado. Youssef segue para São Paulo de carro.

 

Condenado a 121 anos e 11 meses de prisão em nove processos, o doleiro conseguiu a diminuição da pena para três anos após fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) em setembro de 2014. Porém, após o acordo ser revisto e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto de 2015, ficou decidido que Youssef poderia cumprir os últimos quatros meses em prisão domiciliar.

— É o maior, sem dúvida, acordo de colaboração desse país. Estruturante. Foi um acordo que estruturou a Operação Lava Jato, sem o qual, na minha opinião, não chegaria onde chegou — afirmou o advogado Antônio Figueiredo Basto, que defende o doleiro. — As pessoas ficam falando que a pena (de Youssef) é pequena, mas é pequena porque elas não cumpriram a pena no lugar dele. Ele fez uma contribuição excepcional para Lava Jato.

Durante o tempo que permanecerá , bairro com o metro quadrado mais caro de São Paulo, Youssef terá que usar tornozeleira eletrônica. Além disso, o juiz federal Sérgio Moro definiu algumas regras que devem ser seguidas pelo preso.

Moro autorizou que Youssef tenha um celular à disposição, já que o doleiro tem problemas no coração. Porém, ele só poderá usar o aparelho para ligações de emergência e para pessoas previamente liberadas para visitá-lo em casa. O aparelho poderá ser grampeado para o monitoramento.

As visitas também serão restritas. Apenas advogados, familiares, filha e esposa poderão visitá-lo no apartamento. Ele também só poderá receber essas pessoas entre 8h e 12h. Youssef apenas está autorizado a sair do apartamento para ir até a academia do condomínio para realizar sessões de fisioterapia.

Após os quatro meses, Youssef deve retirar a tornozeleira e estará livre. Segundo Basto, após os quatro meses de prisão domiciliar, o doleiro irá decidir se continuará vivendo na capital paulista ou se irá para Londrina (PR). A única restrição é que ele fica impedido de cometer novos crimes num prazo de 10 anos, sob o risco de ter que responder integralmente aos processos que foram abertos contra ele.

Esta não é primeira vez que o doleiro se beneficia de um acordo de delação premiada. Em 2003, ele assinou o primeiro acordo de delação da história do país, no Caso Banestado. Apesar de ter se comprometido a não cometer mais crimes, Youssef foi pego na Lava Jato e condenado por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

— Voltou (a cometer crimes após ter sido preso no caso Banestado), mas contribuiu. Sem a contribuição dele vocês não estariam aqui, não teria Lava Jato. Então é muito mais importante do que falar da pena dele, é a contribuição que ele deu — afirmou o advogado Basto.

Apesar da aparência imponente do edifício onde o doleiro passará os próximos quatro meses, os apartamentos do prédio são pequenos se comparados aos de outros empreendimentos do bairro: Youssef vai morar em uma unidade, de dois dormitórios e 57 m². Com vista para o Parque do Ibirapuera, entre aluguel e condomínio, um apartamento igual ao que ocupará custa R$ 3 mil mensais.


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ASSUNTOS: alberto youssef, Lava Jato, prisão, Brasil

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