PF explica como criminosos usavam fintechs para lavar dinheiro do tráfico em Manaus
Manaus/AM - Dois homens e uma mulher foram presos em Manaus durante a operação Xeque-Mate, que mira uma organização criminosa que lavava dinheiro do tráfico de drogas por meio de fintechs, não só no Amazonas, mas também no Guarujá, em São Paulo.
O líder do esquema é um brasileiro, que vive sob identidade falsa na Colômbia e articula todo o esquema, e para isso, conta com ajuda tanto de brasileiros quanto de colombianos.
João Paulo Garrido Pimentel, superintendente da Polícia Federal, detalha que as fintechs são fundamentais para a circulação do dinheiro do tráfico. É através delas, que os envolvidos fazem toda a movimentação financeira do grupo.
"A Fintech, ela tem o objetivo de burlar o sistema bancário tradicional, burlar as regras do Banco Central e do COAF. A Fintech que era utilizada pela essa principal facção aqui no Amazonas, tinha um nome de carto, aqui no Amazonas, em referência à palavra cartel. Essa organização, ela fazia lavagem de dinheiro também por meio de empresas de fachada. O principal operador financeiro da facção criminosa, ele foi investigado também no bojo da operação Fly Gold 2, na questão de garimpo ilegal no estado do Pará, naquela ocasião estima-se que 4 bilhões de reais foram movimentados de forma ilícita".
Pimentel ainda ressalta que remessas constantes de drogas eram enviadas para o Amazonas por meio e os valores das cargas eram recebidos pelo grupo em forma de criptomoedas.
"Mais de 122 milhões de reais que foram utilizados pela organização, os indícios são no sentido de que os traficantes colombianos, eles enviavam a droga aqui para o Amazonas e recebiam o pagamento por meio de criptoativos. Esses criptoativos ativos também eram operados por essa pessoa que era responsável pela Fintech e Cartos".
Com os valores recebidos, os líderes e comparsas ostentavam vida de luxo e chegavam a realizar cirurgias plásticas para não serem reconhecidos, caso fossem descobertos.
"Mais de uma pessoa realizou cirurgia plástica, a gente tem esse indício na investigação. Na verdade, essas cirurgias plásticas parecem que foram realizadas na Colômbia, inclusive houve encontros de traficantes numa ilha famosa como destino turístico é San Andrés, na Colômbia".
Durante a operação deflagrada hoje, além das três pessoas presas em Manaus, há mandados sendo cumpridos também no Guarujá, em São Paulo. Para o secretário Vinicius de Almeida, "quebrar" o financiamento criminoso é fundamental para desarticular a ação dos criminosos.
"Conseguimos detectar e rastrear esse dinheiro, é um baque extremamente grande, R$ 122 milhões, um valor extremamente significativo que vai gerar prejuízos não só neste momento da retirada, mas em termos de se reorganizar (...) Eu não lembro de ter tido uma operação tão grande em golpes financeiros aqui no Amazonas, especificamente falando em Fintech".
ASSUNTOS: Policial