AMAZONAS: A BONANÇA AINDA NÃO CHEGOU
Chuva na madrugada deste sábado 14, amenizou o calor e ajudou afastar nuvens de fumaça que praticamente cobriam toda Manaus, fazia três dias. Mas não foi suficiente para melhorar a qualidade do ar da capital amazonense, e o uso de máscara ainda é recomendado pelas autoridades de saúde. A fumaça dificultou até a observação do eclipse anular do sol, fenômeno em que a Terra, lua e sol ficaram alinhados e que foi acompanhado ao redor do mundo. De Manacapuru (na Região Metropolitana de Manaus), vem a notícia de racionamento de água, porque o rio Miriti estaria quase um “córrego”.
Neste domingo 15, Dia dos Professores, o noticiário não é animador. A seca ainda não deu sinal de trégua (dos 62 municípios do Amazonas, 50 já declararam situação de emergência). Matéria divulgada no Portal do Holanda informa que dois caminhões-pipa atenderão 36 aldeias indígenas do município de Autazes (a 111 km de Manaus), entregues neste final de semana, na sede do CIM (Conselho Indígena Mura). Cessão dos caminhões pela empresa Potássio do Brasil, até que o problema da falta de água seja resolvido.
Autazes, que se notabilizou pela grande produção de leite e queijo de coalho (é chamado de terra do leite e do queijo), passou a ser o vilão de incêndios. De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), dos 504 focos de incêndios no Amazonas,104 aconteceram em Autazes. Durante entrevista à Rede Tiradentes na sexta-feira 13, o prefeito Andreson Adriano Oliveira Cavalcante disse que a Força Nacional deve chegar a Autazes na segunda-feira 16. Também informou ter contratado mais de 30 brigadistas e o município conta, ainda, com o auxílio do batalhão ambiental e do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas).
Todo esse empenho para combater incêndios florestais criminosos, problema que somente nos últimos dias deu o sinal de alerta nas autoridades. Ao mesmo tempo, a seca prolongada impõe tomada de posições em diversos setores. A dificuldade de transporte fluvial, resultado da vazante, impede o transporte de mercadorias e produtos diversos entre Manaus e os municípios. Buscam-se soluções. Segundo o Amazonas Atual, para evitar “um colapso” no transporte aéreo no Estado, empresas de táxi aéreo e fornecedores de combustível “vão trabalhar em conjunto com o governo do Amazonas”.
Não é um quadro otimista, mas é o que está posto, até que a natureza se recomponha (apesar de castigada pelos humanos). A imprensa do Amazonas acompanha e reserva o espaço esperado para informar o público. Analistas, especialistas, órgãos que tratam de questões ambientais têm espaço nos veículos de comunicação. Já os legítimos representantes da população amazonense nas casas legislativas, quem sabe ainda esperam algo ainda pior acontecer. A guerra entre Israel e o Hamas parece chamar mais a atenção. Quase uma torcida organizada de ambos os lados.
Na CMM (Câmara Municipal de Manaus), vereadores exibiram a bandeira de Israel em suas bancadas. Nenhuma bandeirinha ou um pequeno cartaz sobre seca, calor e fumaça aqui da barelândia.
Um sábio poderia decifrar esse enigma. Um dia, talvez.
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