Milei acusa jornalistas de 'rasteiros' em 1ª aparição após escândalo de corrupção com irmã
Em sua primeira aparição pública desde o escândalo de corrupção em que se envolveu a sua irmã e seu braço-direito, a secretária-geral da Presidência, Karina Milei, o presidente da Argentina, Javier Milei, fez um gesto de apoio à parente nesta segunda-feira (25). Ele surgiu sorridente ao lado de Karina na inauguração de um edifício da empresa Corporação América.
No pronunciamento, Milei não comentou diretamente as acusações, mas atacou a imprensa e o Congresso. Chamou jornalistas de “mentirosos e rasteiros” e acusou parlamentares de tentar prejudicar seu governo ao aprovar projetos que, segundo ele, ameaçam o equilíbrio fiscal. O presidente também disse não se preocupar com as críticas: “Se eu virei o déficit fiscal de 123 anos, acham mesmo que vou me preocupar com o que vão fazer comigo durante dois meses?”.
As denúncias envolvem suposto pagamento de propinas a integrantes do governo. O caso começou com a divulgação de áudios atribuídos ao ex-chefe da Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (ANDIS), Diego Spagnuolo, demitido na semana passada. Nos áudios, ele cita Karina Milei e o subsecretário Eduardo Lule Menem como beneficiários de subornos. A Justiça realizou pelo menos 16 buscas, apreendeu celulares, carros, US$ 266 mil em espécie e proibiu envolvidos de deixar o país.
Apesar da gravidade das acusações, a veracidade dos áudios ainda não foi confirmada e nenhuma prisão foi decretada até o momento. O escândalo surge em um momento delicado para Milei, que enfrenta resistência no Congresso e se prepara para as eleições de meio de mandato em outubro, consideradas um teste para sua agenda de austeridade e reformas de mercado.
As investigações
A Justiça argentina realizou pelo menos 16 buscas na última sexta-feira (22) como parte da investigação sobre o suposto esquema de propina que envolve funcionários de alto escalão do governo de Javier Milei — incluindo a própria irmã do presidente, Karina Milei.
O escândalo teve início após a divulgação de áudios que supostamente teriam sido gravados pelo ex-dirigente da Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (ANDIS), Diego Spagnuolo, demitido pelo governo na quinta-feira passada (21).
Eles fazem menções a subornos e mencionam Karina Milei e Eduardo "Lule" Menem, subsecretário de gestão institucional do governo, como beneficiários das supostas propinas.
"Estão roubando, você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim, tenho todos os WhatsApps de Karina", diz um dos áudios que circulou na imprensa local e que foi atribuído a Spagnuolo.
Em outro áudio, ele afirma: "estão fraudando a minha agência", e faz outra alusão à Karina Milei — que supostamente teria recebido pagamentos de propina —, além de dizer que teria conversado com o presidente Javier Milei. "Eles não consertaram nada", diz o áudio.
A veracidade dos áudios, no entanto, ainda não foi comprovada pela Justiça, que não ordenou nenhuma prisão nem foram divulgadas acusações no âmbito do sigilo judicial até o momento.
Na operação de busca e apreensão de sexta, as autoridades apreenderam carros, celulares, uma máquina de contagem de dinheiro e US$ 266 mil - R$ 1,5 milhão, na cotação atual - em espécie.
Diego Spagnuolo; o ex-diretor de Acesso a Serviços de Saúde da ANDIS, Daniel María Garbellini; os empresários Emmanuel Kovalivker, diretor da farmácia Suizo Argentina, seu irmão, Jonathan; e seu pai Eduardo Kovalivker, foram proibidos de deixar o país.
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