Trabalhadores da Petrobras anunciam greve nacional a partir de segunda-feira
Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO, 10 Dez (Reuters) - Trabalhadores do Sistema Petrobras aprovaram a deflagração de uma greve nacional a partir da zero hora de segunda-feira (15), após considerarem "insuficiente" a contraproposta apresentada pela companhia para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), informou a Federação Única dos Petroleiros (FUP) nesta quarta-feira.
A entidade afirmou que a nova proposta foi entregue pela petroleira na terça-feira, sem avançar em pontos centrais discutidos desde o início das negociações.
Geralmente, durante greves, trabalhadores passam operações para equipes de contingência, de modo a evitar impactos operacionais em refinarias e plataformas de petróleo. Quando a greve dura poucos dias, dificilmente há impactos de produção.
Uma fonte da Petrobras disse à Reuters que "essa greve não tem risco de operação ou produção".
"Vamos usar todos os elementos de contingência", frisou, na condição de anonimato.
Dentre os principais pontos pleiteados pela categoria, está a busca por uma solução definitiva para os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, tema que afeta diretamente a renda de aposentados e pensionistas.
Além disso, petroleiros também defendem aprimoramentos no plano de cargos e salários e garantias de recomposição sem aplicação de mecanismos de ajuste fiscal, dentre outras questões.
"Com a rejeição da segunda contraproposta, os sindicatos notificarão a empresa sobre a paralisação na sexta-feira", disse a FUP.
Procurada, a petroleira afirmou que mantém um canal de diálogo permanente com as entidades sindicais e espera concluir o novo acordo na mesa de negociações.
"A Petrobras respeita o direito de manifestação dos empregados e, em caso de necessidade, adotará medidas de contingência para a continuidade de suas atividades", afirmou a companhia, em nota.
Segundo a fonte da Petrobras, a greve é uma estratégia de negociação dos petroleiros, e o pleito dos petroleiros por um aumento real é "natural".
"Não há grandes mobilizações da categoria, a Petrobras é independente e paga dividendos, e é legítimo cobrar um aumento real e a tradicional bonificação em acordo salarial", afirmou, na condição de anonimato.
Antes do início da greve, aposentados e pensionistas de diversas regiões do país retomam, na quinta-feira, uma vigília em frente ao Edifício Senado (Edisen), sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. O grupo permanecerá mobilizado durante o período de negociações, reforçando a cobrança por uma solução para os equacionamentos da Petros, segundo a FUP.
As atividades também coincidem com "agendas" em Brasília, onde, segundo a FUP, representantes da categoria participam de reuniões com integrantes do governo para discutir o tema.
(Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier; edição de Roberto Samora)
ASSUNTOS: Geral