Teste de sexo biológico no atletismo é alvo de críticas; entenda

A World Athletics anunciou que, a partir de 2025, todas as atletas terão que passar por um teste de saliva para verificar o sexo biológico, como parte de novas regras voltadas à proteção da categoria feminina. A medida tem gerado críticas por reviver práticas consideradas invasivas e discriminatórias do passado.
O teste busca identificar o gene SRY, marcador do cromossomo Y, e será feito por PCR, como os testes de Covid-19. A iniciativa afeta especialmente atletas com DDS (Distúrbios de Diferenciação Sexual), que não são trans, mas têm variações genéticas que podem incluir a presença do cromossomo Y e produção atípica de testosterona, mesmo sem efeitos hormonais perceptíveis.
Críticos, como a ex-atleta intersexo María José Martínez Patiño e a pesquisadora trans Blair Hamilton, afirmam que a medida não é ética, nem baseada em evidências de vantagem esportiva. A federação, porém, diz que o teste é apenas uma triagem e que atletas com DDS ainda poderão competir, desde que atendam a critérios hormonais específicos, como níveis de testosterona abaixo de 2,5 nmol/L por 24 meses.
A medida revive uma longa história de polêmicas envolvendo a verificação do sexo biológico no esporte, desde exames físicos invasivos nos anos 1960 até testes genéticos adotados posteriormente, que deixaram de ser compulsórios em 1999. O caso mais conhecido é o da sul-africana Caster Semenya, impedida de competir em certas provas por se recusar a reduzir seus níveis hormonais.

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