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Galípolo diz que jantares atrapalham forma física, mas não o trabalho no BC

Por Folha de São Paulo

27/03/2025 17h00 — em
Economia



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foi irônico ao comentar nesta quinta-feira (27) reportagem da Folha de S.Paulo de que circula em jantares e tem ampliado contato com políticos. Segundo ele, os jantares atrapalham sua forma física, porque têm carboidratos, mas não seu trabalho na presidência do BC.

O presidente do BC disse esperar não ter que jantar sozinho ao longo dos quatro anos do seu mandato à frente do comando da autoridade monetária.

"Às vezes atrapalha a forma física. Tem muito carboidrato nesses jantares, mas no trabalho não tenho sentido [que atrapalha]", disse ele, ao ser questionado sobre os jantares com políticos. Ele também foi perguntado se não temia ser comparado com o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, bastante criticado pelos encontros que mantinha com lideranças políticas.

"Seria bom eu jantar menos, mas por uma questão de forma física. Eu gostaria de poder jantar menos e poder voltar a comer melhor. Sim, eu janto, é verdade, e nem sempre eu janto sozinho", acrescentou.

O presidente do BC citou que a maior parte dos jantares descritos na reportagem reuniu com artistas.

"Tenho a concordar com a questão política, porque eu sou aquela pessoa que tem uma visão de mundo de que toda arte é uma expressão política. Nesse sentido, quando eu me reúno com artistas plásticos talvez tenha uma expressão política", afirmou.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, Galípolo foi personagem de dois jantares nas últimas semanas com políticos e personalidades do meio cultural. Num desses encontros, ele abriu as portas de sua casa em Brasília para receber autoridades e outros convidados.

A estreia de Galípolo como chefe do BC, em janeiro, foi acompanhada de projeção também fora do dia a dia da instituição. Ele circula em grupos variados, além de ampliar sua interlocução com o mundo político.

Nome de confiança de Lula, Galípolo foi convidado de honra de um jantar em um amplo apartamento do bairro de Higienópolis, em São Paulo, na noite de 7 de março, uma sexta-feira. Entre os participantes, estavam advogados, artistas plásticos e médicos.

As declarações do presidente do BC foram dadas na primeira entrevista coletiva que ele concedeu após assumir o cargo em janeiro deste ano. O evento tinha como foco a divulgação do relatório de política monetária, documento trimestral sobre o cenário de inflação e a conjuntura econômica interna e externa.

Na entrevista a jornalistas, Galípolo também foi irônico ao responder se houve interferência do ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Sidônio Palmeira, na comunicação do BC sobre novas regras do Pix.

Galípolo negou que Sidônio tenha dado orientação sobre o tema. Segundo ele, as sugestões do chefe da Secom são sobre trilhas sonoras.

"Ele talvez seja um dos ministros mais zelosos com a autonomia do Banco Central". "É curioso quando alguém que é parte envolvida nega e as pessoas continuam dando a mesma notícia", criticou. "A comunicação do Banco Central é também autônoma e independente em relação à comunicação do governo federal."

No início de março, Galípolo gravou um vídeo para explicar as mudanças para melhorar a segurança do Pix. Conforme determinação da autoridade monetária, as instituições financeiras e de pagamento deverão excluir chaves Pix de pessoas e empresas que estejam em situação irregular na Receita Federal.

Depois da divulgação, o BC destacou que a medida não tem relação com o pagamento de tributos, mas apenas com a identificação cadastral do titular do registro na Receita Federal. A medida pode afetar cerca de 8 milhões de chaves com problemas ligados a CPF (Cadastro de Pessoa Física).

Com o reforço de comunicação, a instituição buscou reduzir ruídos e tirar o Pix do centro de campanhas de desinformação. Informações falsas sobre o sistema de pagamentos passaram a circular ainda no início do ano, depois que entrou em vigor uma norma da Receita Federal sobre monitoramento de transações financeiras. O governo acabou tendo de recuar da medida diante da repercussão negativa.


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