Bolsonaro cita pesquisa pouco rigorosa para desestimular uso de máscaras
No dia em que o Brasil registrou recorde de mortes por Covid-19, nessa quinta-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aproveitou a tradicional live para desestimular o uso de máscaras contra o novo coronavírus.
Bolsonaro citou pesquisa de uma universidade alemã que teria concluído que a proteção facial seria "prejudicial a crianças".
"Começam a aparecer aqui os efeitos colaterais das máscaras", disse Bolsonaro. "Uma universidade alemã fala que elas são prejudiciais a crianças. Leva em conta diversos itens: irritabilidade, dores de cabeça, dificuldade de concentração, diminuição da percepção de felicidade, recusa em ir para a escola ou creche, desânimo, comprometimento da capacidade de aprendizado, vertigem e fadiga", acrescentou.
O referido estudo, apurou o jornal Deutsch Welle, refere-se aos resultados de uma enquete pouco rigorosa realizada de forma online por cinco pesquisadores da Universidade de Witten/Herdecke, no estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália.
O objetivo da pesquisa, disponibilizada no segundo semestre do ano passado, era formar um banco de dados para coletar relatos sobre o uso de máscaras em crianças.
A participação era voluntária e aberta para qualquer pessoa que clicasse no link do questionário, sem coleta de amostras da população para ter um quadro representativo da sociedade alemã. 87.7% dos participantes declararam serem "pais".
Os pesquisadores não definiram grupos de controle com crianças sem máscaras para comparar os efeitos e também não aplicaram critérios para diferenciar efeitos de doenças ou condições pré-existentes. O questionário também exibe itens vagos, como "sensação de doença".
Além disso, vários participantes se declararam céticos quanto a medidas de distanciamento estabelecidas pelo governo alemão para conter o vírus- apenas 22,7% afirmaram que as medidas eram adequadas ou que deveriam ser ainda mais rígidas.
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