O 'Poder da Fé' e as facções criminosas
Facções criminosas travaram tiroteio dentro de uma igreja evangélica em Iranduba. Uma das facções procurava um homem supostamente "convertido a Jesus", mas de outra facção. Na troca de tiros, uma criança foi ferida.
Há muitas igrejas voltadas para a evangelização e isso é bom. Mas algumas instituições "independentes" expõem claramente a digital do crime organizado.
Não por acaso, o número de templos religiosos cresceu exponencialmente no Amazonas, Acre e Roraima, segundo o último Censo do IBGE. A cidade de Manaus possui 2 mil igrejas e isso é um milagre extraordinário, que nem Jesus seria capaz de explicar.
Quem insiste em ver o fenômeno pelo lado social e fecha os olhos à realidade, justifica o crescimento dessas denominações pela necessidade cada vez mais premente das pessoas buscarem conforto espiritual e paz.
Mas há um lado financeiro poderoso e facilidades tributárias que as organizações criminosas usam muito bem: as igrejas gozam de isenções fiscais e o dinheiro que entra não precisa ser justificado junto à Receita Federal.
Evidentemente que há muitas igrejas sérias, que combatem o crime e se mantêm firmes na pregação da fé. Mas as exceções são muitas.
O poder público, a quem caberia investigar como atuam, e o passado de pastores que se proclamam mensageiros de Deus da noite para o dia, não desempenha seu papel.
Se a religião sempre foi historicamente explorada desde antes mesmo de surgir o cristianismo, agora se tornou um negócio rentável, por isso não deveriam ficar fora do guarda - chuva das instituições de fiscalização e controle. Ou mesmo da Polícia,
ASSUNTOS: Facções Criminosas, Igrejas, Iranduba, Manaus, religião

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.