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Natureza cobra seu preço no maior inverno já visto em Manaus


Por Raimundo de Holanda

16/04/2022 19h51 — em
Bastidores da Política



As chuvas intensas no Amazonas revelam mudança inesperada do tempo. Mas o tempo não muda por si mesmo, nem a natureza se rebela porque carrega consigo o mesmo instinto de sobrevivência da raça humana. O problema está em não reconhecermos nossos limites, nem nossas responsabilidades com o futuro do Planeta. 

Chove desde novembro em Manaus. As águas da chuva  despertam Igarapés enterrados ao longo dos anos. O resultado é uma rebelião abaixo do asfalto, que desaba. Velhas galerias se rompem e revelam uma cidade oca, sepultada pelo progresso desordenado.

Como no ano anterior,  o Rio Negro   já ameaça avançar sobre a praça, como se quisesse chegar até a catedral para fazer uma prece. É o pior inverno dos últimos 50 anos.

Se o verão for tão intenso quanto este  inverno, a cidade, que agora se mistura às águas, pode esquentar além do previsível.

O período de sol escaldante começa em junho, com temperatura de 38 graus. Mas aguentaremos mais  um mês e meio de chuvas intensas sem que Manaus sucumba, tragada por igarapés fantasmas que cobram o espaço que lhes foi tirado por toneladas de terra jogadas sobre eles para dar espaço a novas avenidas ? É a natureza impondo o seu preço…

E o verão vai chegar no período previsto? E chegando,  que surpresas teremos, que fenômenos surgirão - temperaturas acima de 40  graus? O fato é que a natureza parece se rebelar a tal ponto que nem mesmo meteorologistas são capazes de prever com exatidão o volume de chuvas ou ventos - advindo dai os deslizamentos de terras, ruas alagadas, desabamentos em áreas de risco.

Fora o vento, tão imprevisível, mudando de rumo e velocidade, assustando paraquedistas em dia de Sol fingido, logo escondido pelas nuvens  surpreendentemente cruéis .

Ou o grupo de 14 paraquedistas não teria alçado voo, nem soltado sob um céu azul, logo surpreendidos pela mudança do tempo,  com velocidade do vento não prevista, que os afastou da área de pouso e matou ao menos um deles.

O tempo não muda por si mesmo, nem a natureza se rebela porque carrega consigo o mesmo instinto de sobrevivência da raça humana.

O problema está em não reconhecermos nossos limites, nem nossas responsabilidades com o futuro do planeta. Ou ao tempo em que condenamos os que improvisam lixeiras ao longo das estradas, jogamos garrafas pets do próprio carro, copos descartáveis  e outros objetos. Desde que ninguém veja…e continuamos defensores do meio ambiente…

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.