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Lições de Temer ou esperteza de Bolsonaro?


Por Raimundo de Holanda

10/09/2021 17h12 — em
Bastidores da Política



A serviço de quem estava Temer, ao convencer Bolsonaro a assinar  uma carta  na qual admitia pecados e omissões,  e se penitenciava das críticas feitas a ministros do Supremo Tribunal Federal?  Do Brasil? Possivelmente, sim. Provavelmente, não...

A GloboNews  tentou desconstruir Bolsonaro durante mais de dois anos, não conseguiu. Os jornais Folha São Paulo, O Globo e Estadão seguiram a mesma rotina. E nada. Até que o ex-presidente Temer entrou em ação e em 20 minutos  desvendou o segredo: o mito não existia,  era um simples desenho na parede da República.

O homem forte, que desafiava a tudo e a todos, diminuiu o tom, rendeu-se e penitenciou-se de suas críticas à Corte Suprema.

De repente, uma constatação: Bolsonaro não é perigoso. Perigoso é Temer. Ele conseguiu ocupar o lugar de Dilma após um processo de impedimento combinado e cheio de imprecisões legais. Agora reaparece para desconstruir  Bolsonaro e o atirar aos lobos.

De repente, Temer virou o herói do sistema Globo e da oposição. Deixou de ser “líder de uma organização criminosa”, como denunciou  o então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, em 2016,  para se tornar  "estadista, jurista e escritor conceituado".

Temer tem méritos e todo mundo sabe, mas é o lobo guará do momento. Aparece e engole sua presa.

Mas a serviço de quem estava Temer, ao convencer Bolsonaro a assinar uma carta que ele levou pronta para o presidente? Do Brasil? Possivelmente, sim. Provavelmente, não.

Bolsonaro, que terça-feira havia sacudido o Brasil, com multidões nas ruas, saiu com uma força que abalou os alicerces da República.  Desfez-se dessa força no dia seguinte.

A pergunta que fica é: foi bom enfraquecer Bolsonaro? Foi. O que se avalia são as circunstâncias insólitas em  que os fatos ocorreram.

1 - Primeiro, porque Temer foi chamado ?

2- Esse recuo de Bolsonaro não teria sido uma combinação de propósitos ?

3 - Quais circunstâncias futuras o presidente teria vislumbrado ?

Que carta ele tem nas mãos  para fazer desse recuo  a entrada para alcançar seu objetivo final ?

Neste caso, invertem-se os papeis. Bolsonaro é o lobo  e Temer apenas uma peça descartável, mas útil neste momento em que o jogo de xadrez possivelmente está sendo montado.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.