Lições de Temer ou esperteza de Bolsonaro?
A serviço de quem estava Temer, ao convencer Bolsonaro a assinar uma carta na qual admitia pecados e omissões, e se penitenciava das críticas feitas a ministros do Supremo Tribunal Federal? Do Brasil? Possivelmente, sim. Provavelmente, não...
A GloboNews tentou desconstruir Bolsonaro durante mais de dois anos, não conseguiu. Os jornais Folha São Paulo, O Globo e Estadão seguiram a mesma rotina. E nada. Até que o ex-presidente Temer entrou em ação e em 20 minutos desvendou o segredo: o mito não existia, era um simples desenho na parede da República.
O homem forte, que desafiava a tudo e a todos, diminuiu o tom, rendeu-se e penitenciou-se de suas críticas à Corte Suprema.
De repente, uma constatação: Bolsonaro não é perigoso. Perigoso é Temer. Ele conseguiu ocupar o lugar de Dilma após um processo de impedimento combinado e cheio de imprecisões legais. Agora reaparece para desconstruir Bolsonaro e o atirar aos lobos.
De repente, Temer virou o herói do sistema Globo e da oposição. Deixou de ser “líder de uma organização criminosa”, como denunciou o então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, em 2016, para se tornar "estadista, jurista e escritor conceituado".
Temer tem méritos e todo mundo sabe, mas é o lobo guará do momento. Aparece e engole sua presa.
Mas a serviço de quem estava Temer, ao convencer Bolsonaro a assinar uma carta que ele levou pronta para o presidente? Do Brasil? Possivelmente, sim. Provavelmente, não.
Bolsonaro, que terça-feira havia sacudido o Brasil, com multidões nas ruas, saiu com uma força que abalou os alicerces da República. Desfez-se dessa força no dia seguinte.
A pergunta que fica é: foi bom enfraquecer Bolsonaro? Foi. O que se avalia são as circunstâncias insólitas em que os fatos ocorreram.
1 - Primeiro, porque Temer foi chamado ?
2- Esse recuo de Bolsonaro não teria sido uma combinação de propósitos ?
3 - Quais circunstâncias futuras o presidente teria vislumbrado ?
Que carta ele tem nas mãos para fazer desse recuo a entrada para alcançar seu objetivo final ?
Neste caso, invertem-se os papeis. Bolsonaro é o lobo e Temer apenas uma peça descartável, mas útil neste momento em que o jogo de xadrez possivelmente está sendo montado.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.