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Intolerância no DCE da Ufam


Por Raimundo de Holanda

09/08/2023 19h54 — em
Bastidores da Política


  • Não é a censura dos governos que obstaculiza o debate público. É nossa incapacidade de ouvir. A nossa profunda resistência em aprender com o outro, a intolerância a ideias das quais não compartilhamos.

A nota do Diretório dos Estudantes da Universidade Federal do Amazonas contra a presença do cientista político Andre Lajst no simpósio sobre empreendedorismo em Israel, é pontuada de equívocos, como se a universidade não fosse o espaço da liberdade e do conhecimento. Aliás, o equívoco começa com a falta de noção da finalidade do simpósio, marcado para esta quinta nas dependências da Ufam.  

Não está programada uma discussão sobre liberdade na Amazônia, como vem sendo divulgado, mas sobre liberdade e empreendedorismo em Israel. 

Os estudantes parecem sequer entender a origem do evento e sua finalidade. Se pautam unicamente no fato de que Lajst não é  bem vindo “porque é um “defensor do regime de apartheid de Israel”.

Como “prova”revelam que ele serviu ao exército daquele país. E daí? Lajst não veio pregar nenhuma doutrina. É um cientista político que vem mostrar as oportunidades de investimento em seu país. Se fossem minimamente razoáveis, os estudantes poderiam aproveitar a presença de Lajst para tirar dúvidas soube o regime de Tel Aviv, a relação com os palestinos, o enfraquecimento da Suprema Corte  pelo Primeiro - Ministro Benjamin Netanyahu, os níveis de liberdade no país e as chances de criação de um Estado Palestino. 

Claro, sairia do foco que o evento se propõe, mas a universidade é o espaço do debate saudável (quando há gente inteligente, cada vez mais escassa por aqui)

Conclusão: Não é a censura dos governos que obstaculiza o debate público. É nossa incapacidade de ouvir. A nossa profunda resistência em aprender com o outro, a intolerância a ideias das quais não compartilhamos.  

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.