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Governador do Amazonas pode se antecipar as conclusões de CPI e renunciar


Por Raimundo de Holanda

04/07/2021 18h53 — em
Bastidores da Política



A proposta de uma nova CPI da pandemia no Amazonas, agora pegando a segunda onda da doença, só depende de duas assinaturas. Elas poderão sair da caneta dos deputados Serafim Correa(PSB) e de Fausto JR (PMDB).

A CPI é necessária porque há suspeita de que Manaus foi usada pelos governos Bolsonaro e Wilson Lima para servir de laboratório para testar a teoria da imunidade de rebanho, na qual as pessoas de certa forma foram estimuladas  a sair às ruas, adoecerem e testar  o próprio sistema imunológico. Uma espécie de  homicídio premeditado, quando a ideia parte de autoridades sobre as quais reside a responsabilidade pela vida dos cidadãos.

O resultado todos conhecem: milhares de mortos e uma crise sem precedentes no sistema de saúde, saturado pelo número de pessoas que precisavam de socorro e não encontravam.

Fora isso, que é grave, há a denúncia, já comprovada, da compra superfaturada de respiradores.

Pegou mal o fato de a CPI, que apurou os atos criminosos praticados por agentes públicos na primeira onda não ter indiciado o governador Wilson Lima, comprovadamente envolvido em corrupção na compra de respiradores.

Há, ainda,  a suspeita - e isso precisa ser apurado - que houve uma onda de pixulecos na compra de insumos, máscaras, luvas e outros equipamentos necessários à rede hospitalar.  Dinheiro miúdo repassado por lobistas de empresas que intermediavam negociações nos porões do governo  a agentes públicos corruptos.

Será uma CPI diferente e o alvo principal será o governador Wilson Lima e diretores de hospitais que têm autonomia para fazer compras. Essa autonomia precisa acabar, pois se de um lado pode acelerar a compra de insumos e atender a demanda hospitalar, não tem controle. É um mundo de facilidades não republicanas.

A aposta é que, se a CPI avançar e implicar definitivamente o governador Wilson Lima em  outros atos de corrupção até agora não apurados, ele faça a opção pela renúncia para não ser submetido a um processo de impeachment.

Isso caso não seja afastado antes do término dos trabalhos da Comissão, pelo Superior Tribunal de Justiça, onde é acusado de comandar uma organização criminosa montada  para desviar recursos públicos durante a pandemia de Covid 19 no Estado do Amazonas.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.