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Governador do Amazonas, Wilson Lima, pode ser acusado de genocídio


Por Raimundo de Holanda

05/07/2021 19h17 — em
Bastidores da Política



Se for provada a tese de que Manaus serviu como laboratório para uma experiência bizarra de imunidade de rebanho, na qual pessoas ficam imunes ao vírus ao ser contaminadas e a transmissão comunitária é interrompida,  o governador do Amazonas, Wilson Lima,  pode ser acusado de genocídio. Porque se houve essa prática - um dos caminhos da investigação da CPI - não deu certo. Milhares de pessoas morreram de Covid e Manaus viveu na segunda onda da pandemia uma crise sanitária sem precedentes.

A última assinatura à proposta de CPI da Pandemia na Assembleia Legislativa do Amazonas deve ser chancelada nesta terça-feira, com o rubrica do deputado Serafim Correa (PSB), ao requerimento que consolida a exigência regimental de um terço dos deputados para garantir o início de uma investigação que pode  pegar tanto pequenos roedores como grandes ratazanas que driblavam o processo licitatório à base de pixulés na  compra de insumos e medicamentos.

O fundamento da CPI, que nesta segunda-feira recebeu a sétima assinatura, do deputado Fausto Junior,  é  investigar "a omissão e negligência administrativa quanto a abertura de novos leitos; falta de transparência, gastos com publicidade em detrimento dos gastos com saúde; contratos milionários referentes as unidades prisionais em plena pandemia, serviços oferecidos, pagos e não executados”, entre outros.

Entrar nos porões do governo pode não ser fácil. Não pelas dificuldades da burocracia, mas porque há um cheiro de morte e  de corrupção, misturado a negligência com a vida de milhares de pessoas.

A CPI da Covid 19, teve uma atuação importante na primeira onda,  apontando desvio de recursos públicos e compra superfaturada de respiradores. Na segunda fase - e  esta é uma segunda-fase, embora sob novo contexto - agora investigará os responsáveis pelas mortes - milhares  - e a razão da falta de oxigênio.

O que os deputados não colocaram como objetivo da CPI, mas que está nas intenções, é investigar se houve um tentativa deliberada do governo de provocar  contaminações coletivas e mortes em nome da tese  da imunidade de rebanho - falamos sobre isso ontem. ( Leia AQUI)

Na visão de alguns parlamentares, houve uma ação deliberada, premeditada. Isso, se comprovado, poderá  levar o governador do Amazonas,  Wilson Lima, a  ser futuramente julgado por genocídio.

Tudo, entretanto, é hipótese. Em um governo fraco, incapaz de dar respostas que a sociedade exige em momentos de dificuldades, é possível que Wilson Lima não soubesse mesmo o que fazer. Seu crime é ser incompetente, não homicida  ou genocida. Menos mal.

Agora, constituída a CPI, nada de  recesso para seus membros.  A situação ainda exige ação imediata ou alguns crimes poderão ser facilmente encobertos

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.