Compartilhe este texto

Denúncia de que agentes públicos do Amazonas negociaram com organização criminosa precisa ser apurada


Por Raimundo de Holanda

09/06/2021 19h30 — em
Bastidores da Política



Fala-se em suposta quebra de acordo entre governo do Amazonas e Comando Vermelho para explicar os atos de violência ocorridos no último domingo em Manaus. Se houve em algum momento "negociações" entre agentes do governo e criminosos é um fato gravíssimo a apurar.

Na prática, tal ocorrência, se comprovada, representa não apenas uma rendição  tácita do governo do Amazonas a uma organização criminosa, como torna cúmplices e, portanto, criminosos,  os agentes  envolvidos  nesse pacto que afronta o Estado de Direito como conhecemos.

Quando agentes públicos negociam com uma organização criminosa, o Estado perde seu poder uno e indivisível para se tornar uma célula do crime organizado.

Incapaz de proteger a sociedade, com suas leis, suas instituições criadas para estabelecer normas, executá-las ou cumpri-las, o Estado, enfraquecido e decadente, se escolhe e se submete a chantagem e a violência cujo resultado já conhecemos.

Espera-se atitude mais enérgica dos órgãos de controle. Espera-se, sobretudo, que a acusação que envolve agentes públicos, feita pelos próprios criminosos, seja exaustivamente investigada. No final, 'inocências' poderão ser comprovadas. Ou culpas.

Não se deseja aqui fazer prejulgamentos, mas a investigação é uma forma de chegar a verdade e afastar suspeitas.

Cabe ao Estado do Amazonas o dever de sufocar esse poder paralelo, com adoção urgente de um processo de depuração da polícia e a criação de programas  de formação e de apoio às famílias carentes e especialmente aos jovens nos bairros sob o domínio das facções criminosas.

Ou faz isso, ou entre uma trégua e outra, veremos a cidade submetida ao terror e ao medo, com mais jovens sendo cooptados

Um futuro sombrio que não queremos para a cidade de Manaus.

Siga-nos no


Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.