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Chuva mexe com as entranhas de Manaus e puxa para debaixo da terra a sua história


Por Raimundo de Holanda

19/11/2021 20h27 — em
Bastidores da Política



O inverno chegou. A chuva mexeu com as entranhas de Manaus  e velhos casarões desabaram. A chuva vai aos poucos revelando segredos de uma cidade que já foi bela, com galerias bem planejadas e que hoje se abrem como que reclamando de um abandono histórico.

É a parte velha que cede, se desmancha, distante dos grandes  edifícios erguidos também em áreas maltratadas e perigosas.

Foto: DivulgaçãoO solo da cidade é ruim, fofo, entrecortado por igarapés, mas cede espaço para prédios modernos como que numa  ânsia de tocar o céu. Uma nova Babel aqui?  E se um prédio desses, com muitas vidas humanas, desabar? Quem será responsabilizado?

Nem pensar.  Mas tragédias acontecem exatamente onde não há planejamento.

No caso do casarão que desabou, não  houve vítimas humanas - apenas o passado morreu mais um pouco, com a  história da cidade se apagando  ou se desligando de nossa memória.

Sem esse passado vivo é difícil fazer uma liga com o presente e o futuro.

Uma cidade é como uma pessoa. Tem alma, tem vida, tem história. Manaus só quer eternizar nomes e, como Babel, alcançar o céu. Mas e se as grandes torres começarem a desabar ?

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.