Caso Metanol: Governo incapaz de garantir segurança sanitária aos cidadãos
A "orientação" de Alexandre Padilha para que os brasileiros se resguardem do consumo de bebidas destiladas apenas revela a desconfiança do próprio governo na sua capacidade de garantir segurança sanitária — e, com isso, devolve ao consumidor a função de fiscalizar o que o Estado deveria controlar.
Esse deslocamento de responsabilidade — do poder público para o indivíduo — faz lembrar, ainda que por via oposta, a retórica que marcou o país durante a pandemia.
Se em 2020 Jair Bolsonaro minimizou o risco, reduzindo a Covid-19 a uma “gripezinha”, em 2025 o ministro da Saúde exagera o perigo para justificar a ineficiência institucional.
Em ambos os casos, o gesto é o mesmo: o Estado renuncia à sua função de garantidor da saúde coletiva e abandona o cidadão entre a incredulidade e o medo.
O que muda é o disfarce — ontem, bravata; hoje, prudência. Mas o resultado é idêntico: a erosão da confiança pública no poder que deveria protegê-la.
ASSUNTOS: Bebida destilada, metanol, mortes por metanol
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.