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Bolsonaro, o Jacaré que ganhou uma boiada de presente no Carnaval


Por Raimundo de Holanda

24/04/2022 21h13 — em
Bastidores da Política



Bolsonaro passou por uma metamorfose no desfile da escola de samba 'Rosas de Ouro'. Virou jacaré. Engraçado ? Sim. Muito engraçado ( reveja vídeo). Mas uma grande propaganda que cai bem num eleitorado pouco esclarecido. A forma como Bolsonaro foi retratado  pela escola  terá, seguramente, efeito contrário ao pretendido. Se adequa ao populismo do presidente, uma mistura de crenças no passado, deboche com o presente e indiferença com o futuro.

Caçoar ou zombar do outro está na cultura do brasileiro. Ou Tiririca não seria eleito deputado federal  por três legislatura consecutivas com suas palhaçadas.

Bolsonaro, no caso, não está sozinho no picadeiro desse circo: a oposição, desnorteada, não planejou sua desconstrução e o resultado é que ele chegou a 31 % da preferência do eleitorado, a 7 meses das eleições, tirando de Lula o sonho de vencer no primeiro turno.

A que se deve, também e talvez em maior grau, essa subida  inesperada de Bolsonaro? A uma imprensa  - Globo, Folha, Estadão, só para citar os veículos mais conhecidos - que deixou de informar para fazer uma irracional oposição à figura do presidente.

Na ausência de um poder moderador, a imprensa tem um papel fundamental nas crises institucionais. Está por trás de recuos de quem avançou além dos limites legais. Quando os poderes constituídos fracassam, o papel da imprensa passa a ser essencial, imprescindível  para drenar o ódio que  contamina  o Executivo, o Legislativo e o Judiciário num país dividido -  uma parte está com Bolsonaro, a outra com o Supremo. Mas a democracia - que os dois lados dizem defender - está em chamas.

Na verdade,  Bolsonaro, a imprensa e o STF  falam em nome da democracia (e da liberdade), mas ambos a afrontam em menor ou maior grau todos os dias. Ou não sabem o que é democracia ou estamos assistindo a uma luta de poderosos que não estão nem aí para o futuro do Brasil.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.