2020, um ano de duras lições e nenhum aprendizado
O ano de 2020 caminha para o encerramento com duras lições. De um lado um vírus que assusta e para “combatê-lo" colocamos no meio da ciência política e ideologia, enquanto ele mata milhares de brasileiros. De outro, nossa incapacidade de aprender a lidar com nós mesmos, com nossa natureza, com nossos medos, com a perspectiva de perda.
Sequer aceitamos as diferenças - de cor, gênero, gosto, opinião. Para tudo se cria uma lei - lei do assédio, lei da importunação - mas a mulher fica cada vez mais vulnerável.
Tudo o que deveria ter sido feito e ainda não se fez foi melhorar a educação, preparar os casais do futuro para relações amigáveis, para a compreensão de que o outro é um mundo a parte, com direitos, expectativas e sonhos.
Ainda somos um país que alimenta as diferenças e que ainda não incluiu o negro como cidadão. Ou não trabalhou para que ele se orgulhasse da cor que tem.
Vai demorar para o negro compreender que o sofrimento de seus ancestrais é o passaporte para um futuro a ser construído. E que a igualdade só chegará com a educação.
Nesse dia, seremos capazes de conviver como irmãos, aceitar que a esposa de agora pode ser uma ex- companheira amanhã, mas não uma inimiga. E repudiaremos a ideia de tornar nossos filhos órfãos.
Nesse dia a ciência vai combater as pandemias e política e ideologia serão colocadas num cesto comum, no cesto do lixo. E nunca mais elegeremos um celerado para comandar o país. Esse dia está longe. Vai demorar gerações… Mas vai chegar.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.