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Violência na região amazônica reflete omissão de governantes, diz sociólogo

Por Portal Do Holanda

30/11/2023 18h14 — em
Amazonas


Foto: Arquivo pessoal

Por Ana Celia Ossame, especial para Portal do Holanda

 

A presença do Estado na forma mais perversa, agindo para exclusão, para garantir privilégios de grupos econômicos, para excluir populares ribeirinhas e indígenas e manter o patriarcado, sem combater as facções instaladas nos centros urbanos das grandes cidades, respondem pelos dados da pesquisa mostrando que a taxa média de mortes violentas intencionais na Amazônia foi 45% superior à média nacional em 2022.

“Esses números indicam uma barbárie acontecendo na região, motivada por interesses econômicos, de governantes, do grande capital e também das facções criminosas”, afirma o sociólogo e presidente da Comissão de Reforma Política da Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas (OAB-AM), Carlos Santiago, ao comentar os dados do relatório Cartografias da Violência na Amazônia, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Instituto Mãe Crioula.

Pelos dados da pesquisa, todos os crimes comparados no levantamento tiveram resultados piores para a região amazônica, tanto de homicídios, quanto de feminicídios, homicídios contra indígenas, estupros e registros de armas.

Os dados têm como base em números das secretarias estaduais de Segurança Pública e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira (29) pela Agência Brasil de Notícias.

De acordo com o levantamento, no ano passado, o Brasil registrou uma taxa de violência letal de 23,3 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Mas nas cidades que compõem a Amazônia Legal, a taxa chegou a 33,8 por 100 mil.

Já a taxa média de mortes violentas intencionais na Amazônia chegou a 45% superior à média nacional em 2022. No total, o Brasil registrou, no ano passado, taxa de violência letal de 23,3 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Nas cidades que compõem a Amazônia Legal, essa taxa chegou a 33,8 por 100 mil.

Foi mapeada pelo estudo a existência de pelo menos 22 facções do crime organizado na região, presentes em todos os estados amazônicos. Na região de fronteira amazônica alguns municípios que são objeto de disputa territorial por facções, que geralmente se instalam para estabelecer o controle dos fluxos e das relações de poder que garantam o escoamento de drogas e outros ilícitos para o território nacional.

Para Santiago, esses dados refletem a tradição brasileira de um povo autoritário, violento, de uma cultura patriarcal e com grave exclusão social. “Soma-se a esses números da violência, os números do desmatamento e também da crescente pobreza da população”, afirma ele, destacando que só se combate violência com políticas públicas e ações, mas quando o Estado e os governantes são coniventes, só sobra é tão somente essa barbárie contra mulheres, indígenas, ribeirinhos e jovens.

“É preciso um projeto para a Amazônia, que não pode ser de gabinete, mas discutido com todos, mas é preciso saber se os governantes têm interesse, de fato, de mudar essa barbárie amazônico, hoje refletida nesses números que afrontam a todos nós”, finaliza o sociólogo.


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