Pandemia agravou desigualdades em saúde na Região Norte, diz Fiocruz
Manaus/AM - Apenas 3% dos municípios da Região Norte conseguiram reduzir as condições de desigualdades em saúde após a primeira onda da pandemia de Covid-19, segundo dados do IDS-Covid-19, calculado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com base em dados socioeconômicos, sociodemográficos e de acesso aos serviços de saúde.
Feito em quatro momentos, o levantamento mostrou que mais de 90% dos municípios da Região Norte ficaram na pior classificação quanto ao nível de desigualdades sociais em saúde, informam pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).
O IDS-Covid-19 foi calculado com base em dados socioeconômicos, sociodemográficos e de acesso aos serviços de saúde a partir de dados do IBGE de 2010, bem como do Cadastro Nacional dos Equipamentos de Saúde (CNES) para capturar números de leitos de UTI e respiradores, e do Índice Brasileiro de Privação (IBP), que leva em consideração a renda, educação e condições de domicílio.
Numa comparação com municípios da Região Sul, por exemplo, 8% deles apresentaram redução das desigualdades. Na Região Nordeste, em fevereiro de 2020, quase todos os municípios, 99%, estavam nos dois piores grupos com relação à situação de desigualdades sociais em saúde, mas ao longo da pandemia, houve uma redução nessa condição com 95% em julho de 2020, 93% em março de 2021 e 92% em janeiro de 2022.
A situação de desigualdade social em saúde no Brasil preexistia à Covid-19, quando 98% dos municípios da Região Norte estavam nos agrupamentos 4 e 5, os dois piores grupos classificados pelo IDS-Covid-19.
Mas durante a pandemia de Covid-19, determinados grupos populacionais vivenciaram este período com mais dificuldades, com aumento do desemprego, a fome, bem como as dificuldades de acesso a máscaras, álcool gel e até água atingiram fortemente comunidades vulnerabilizadas.
Foram definidas também variáveis que mais se relacionavam com as desigualdades sociais em saúde na Covid-19 como o percentual de população residente em domicílios com densidade domiciliar maior que 2, percentual de idosos em situação de pobreza, além do percentual de pretos, pardos e indígenas.
De acordo com os pesquisadores, a pandemia atingiu as pessoas negras de forma distinta por conta das desigualdades raciais.
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